Crianças carregam armas em Kerawa, nos Camarões, em foto de 16 de março (Foto: Joe Penney/ Reuters )
O número de crianças envolvidas em ataques suicidas na região do lago Chade, área de atuação do grupo islamita nigeriano Boko Haram, multiplicou por 10 em 2015, de acordo com estimativas do Unicef.
De quatro crianças utilizadas em ataques suicidas em 2014, o número chegou a 44 um ano depois, segundo o Unicef, que reúne dados da Nigéria, Camarões, Chade e Níger, os países de atuação do grupo que jurou fidelidade ao grupo Estado Islâmico (EI).
Mais de 75% dos menores nestes ataques são meninas, de acordo com o Unicef. O relatório tem o título "Beyond Chibok" ("Além de Chibok"), em referencia à localidade da Nigéria onde o Boko Haram sequestrou 276 meninas há dois anos.
"É necessário ser claro: estas crianças são vítimas, não autores", afirma Manuel Fontaine, diretor regional do Unicef para os países do oeste e centro da África.
"Enganas as crianças e forçá-las a cometer atos mortais é um dos aspectos mais horríveis da violência na Nigéria e nos países vizinhos", completa.
Desde janeiro de 2014, o extremo norte de Camarões, cenário recorrente dos ataques do Boko Haram, é o local com o maior número de atentados suicidas com crianças (21), seguido por Nigéria (17) e Chade (2).
Este fenômeno "cria uma atmosfera de medo e de suspeita que tem consequências devastadoras" para as crianças, sobretudo as que foram libertadas depois de viver em cativeiro de grupos armados, indica o Unicef.
Estas crianças, assim como as nascidas em casamentos forçados ou em consequência de estupros, "enfrentam a estigmatização e a discriminação" em seus vilarejos e nos campos de deslocados.
O Boko Haram, que nos últimos meses sofreu várias derrotas para os exércitos da região, multiplicou os atentados suicidas utilizando mulheres e crianças para aterrorizar a população.
No ano passado, este tipo de ataque, até então concentrado na Nigéria, atingiu os países vizinhos, principalmente Camarões. De acordo com o Unicef foram registrados 89 atentados com 'homens-bomba' na Nigéria, 39 em Camarões, 16 no Chade e sete em Níger.
Fonte: G1