O acerto já está feito e conta com o aval da diretoria do banco responsável por sua análise. Basta apenas o sinal verde da diretoria colegiada da instituição, que se reúne hoje (18) para analisar o caso, segundo apurou a Folha.
Os recursos vão para a Caixa Econômica Federal, e não direto para a Odebrecht, empreiteira que constrói o estádio, ou para o clube.
Pela engenharia financeira encontrada, a Caixa, que também patrocina o Corinthians, ficará responsável pelo empréstimo e pelas garantias apresentadas ao BNDES. Ou seja, em caso de inadimplência, o BNDES cobrará do banco, também controlado pela União. A Caixa, por seu turno, tentará receber da Odebrecht e do Corinthians, em caso de atraso ou falta de pagamento.
Para viabilizar o empréstimo e a obra, o clube e a Odebrecht criaram uma SPE (Sociedade de Propósito Específico), uma empresa independente cujo objetivo é construir o novo estádio.
A estrutura financeira do estádio sempre foi um problema. Primeiro, a Prefeitura de São Paulo deu um empurrão ao projeto com aporte de R$ 420 milhões por meio de títulos repassados ao clube e à empreiteira, que serão vendidos ao mercado.
Os papéis dão isenção ao pagamento de tributos municipais. A prefeitura, à época, disse que o benefício era válido porque a arena atrairá investimentos para seu entorno e valorizará a região.
Após a definição dessa etapa, Odebrecht e Banco do Brasil, seu parceiro na ocasião, discordaram dos termos do financiamento, o que atrasou a liberação dos recursos do BNDES. Desse modo, a obra foi tocada com financiamento de bancos privados, a um custo mais alto.
Agora, a Caixa, que entrou na negociação, vai pegar o dinheiro do BNDES para "trocar" uma dívida mais cara por outra de menor custo, já que BNDES tem juros reduzidos em sua linha de crédito especialmente desenhada para a Copa.
Com 79% da obra concluída, o estádio, que será palco da abertura da Copa, está previsto para ser entregue em dezembro, a um custo total de R$ 820 milhões.
O BNDES financia todos os projetos de estádios para a Copa. Em sua maioria, são PPP's (Parcerias Públicos Privadas) formadas com os governos estaduais –o que não é o caso estádio de São Paulo, um projeto privado.
O banco financia a reforma ou construção das arenas, limitado a 75% do valor total do projeto.
Fonte: Folha de São Paulo / Pedro Soares
Foto: Rivaldo Gomes / Folhapress