Política

Blairo Maggi nega ter colocado cargo à disposição de Temer

Foto Estadão

Gustavo Porto e Camila Turtelli – DO BROADCAST (ESTADÃO)

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, comentou brevemente a conversa que teve com Temer após o surgimento do seu nome nas delações da Odebrecht, repetiu que está constrangido e negou as acusações. "Não cheguei a colocar meu cargo à disposição; disse a ele [Temer] para ficar à vontade", concluiu.

Maggi, admitiu, em entrevista ao Broadcast Agro, notícias em tempo real do Grupo Estado, as dificuldades de sua Pasta na negociação para reduzir a taxa de juros controlados para o financiamento agrícola e pecuário. Segundo ele, quando o assunto é o juro, "existem dois governos: o da parte econômica e o agrícola", ambos com visões diferentes. "Quanto menos juros melhor. O problema é que temos a parte econômica que quer cobrar juros mais caros", afirmou.

O ministro ainda afirmou que as taxas para o Plano Agrícola e Pecuário 2017/2018, programa normalmente apresentado em junho, ainda estão em discussão dentro do governo, mas avaliou que não há como pagar juros de 12,75% ao ano. Esse porcentual é o máximo em vigência no atual período 2016/17 para financiamentos de longo prazo. Já a proposta de atrelar os juros agrícolas à taxa básica de juros (Selic) – que está em queda, mas que é variável e pode subir para controlar a inflação – chegou a ser posta à mesa de discussão, mas o assunto não está mais em pauta de acordo com o ministro.

Carne Fraca. Para o ministro, a grande dúvida após a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que completou um mês esta semana, é como o consumidor estrangeiro se comportará em relação ao produto brasileiro a partir de agora. "É a grande interrogação". Esta incógnita dificulta o cálculo dos prejuízos que devem ainda serem amargados pelo setor. Ele comentou sobre casos como o de uma imagem, que circulou nas redes sociais, de uma lanchonete em Hong Kong com um aviso na entrada aos clientes de que o local não serve carne brasileira. Para ele, isso deve ser trabalhado com tranquilidade.

Maggi reafirmou que o sistema de vigilância sanitário brasileiro é "robusto" e compartilhado com outros países e o que Brasil foi rápido para prestar todos os esclarecimentos aos importadores. Atualmente, dos 39 países que suspenderam as compras, 16 ainda negociam a reabertura. Dos que já voltaram às negociações, o ministro citou alguns revezes, como é o caso de Hong Kong que reduziu o preço médio pago à carne suína brasileira em cerca de 3%, segundo ele.

O ministro tem agora uma agenda diplomática para mitigar estes efeitos e deve viajar ao Oriente Médio e Ásia na segunda semana de maio. Por aqui, ele segue participando de encontros com autoridades internacionais e recebeu nesta semana a visita do vice-ministro da Agricultura da Rússia para consolidar a parceria comercial e ampliar mercados. "Tivemos uma excelente conversa", afirmou. Ele também disse estar dialogando com as autoridades mexicanas para venda de soja, milho e carne suína, embora não tenha ainda uma agenda oficial.

Funrual. Na entrevista, Maggi mostrou preocupação com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de determinar o retorno do recolhimento da alíquota de 2,3% do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural) pelos produtores rurais sobre o faturamento bruto nas operações de venda de produtos agrícolas e pecuários. Segundo ele, produtores com liminares judiciais que não recolheram o Funrural e que poderão ter de pagar o imposto retroativo aos últimos cinco anos, podem comprometer o correspondente a 25% da renda obtida no ano passado, por exemplo, caso tenham de pagar o valor integral em 2017. Uma saída, de acordo com o ministro, seria a criação de um programa de refinanciamento dessa dívida, "um tipo de Refis", mas o assunto só deve ser discutido após a publicação do acórdão.

Maggi confirmou ainda a visita dele e do presidente Michel Temer à ExpoZebu, cuja abertura oficial será no dia 29 de abril, em Uberaba (MG), e ainda à Agrishow, em 1º de maio, em Ribeirão Preto (SP). Maggi disse que permanecerá no interior de São Paulo após visitar a Agrishow para conhecer usinas produtoras de açúcar e etanol, bem como conversar com produtores de cana. 

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Política

Lista de 164 entidades impedidas de assinar convênios com o governo

Incluídas no Cadastro de Entidades Privadas sem Fins Lucrativos Impedidas (Cepim), elas estão proibidas de assinar novos convênios ou termos
Política

PSDB gasta R$ 250 mil em sistema para votação

O esquema –com dados criptografados, senhas de segurança e núcleos de apoio técnico com 12 agentes espalhados pelas quatro regiões