Foto William Matos
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), afirmou que se sente envergonhado pelo Brasil por ter que enfrentar uma situação como a dos atoleiros na BR-163.
"Eu me sinto envergonhado pelo meu País por ter uma situação dessa”, revelou Maggi na manhã desta segunda feira (6), em entrevista ao programa Chamada Geral.
Devido as fortes chuvas que caem na região de Trairão e Novo Progresso desde o começo de fevereiro, a BR, com 178 km sem asfalto, se transformou em um campo movediço para veículos que transportam carga para o Porto de Miritituba, em Itaituba (PA).
As obras da rodovia federal foram iniciadas enquanto Maggi ainda era governador do Estado (2003 – 2010). No entanto, ele diz que não se sente responsabilizado pelo caos enfrentado por centenas de caminhoneiros da região. Ele explicou que por uma falha na licitação das empresas de pavimento, a BR não foi pavimentada.
“É uma obra que deveria ter ficado pronta em 2013 e não ficou por motivos bem simples. Os preços da licitação na época dessa rodovia eram baixos. Fazer uma obra na Amazônia, desse período, não é uma obra fácil, então ela custa mais caro. Os preços das licitações não foram bons, as empresas que foram para lá não tiveram a capacidade de fazer rapidamente essa obra e ai começaram os pedidos de aditivo, mudanças de projeto e várias empresas acabaram desistindo do processo”, relatou Maggi.
“Como várias empresas saíram, até se trazer outra, o sistema de proteção no Brasil não permite que se faça rapidamente. Há uma série de burocracias que impedem isso”, completou.
Em reportagem de capa da edição 621 do jornal Circuito Mato Grosso, o presidente do Movimento dos Transportadores de Grãos (MTG) e da União do Transporte Rodoviário de Carga (UTRC), Gilson Baitaca, calculou um prejuízo diário de R$ 10 milhões. O que soma à época aproximadamente R$ 100 milhões pelo tempo que os caminhoneiros estão travados na rodovia sem condições de retorno e de seguir em frente.
Mudança do escoamento
Há quem defenda que a produção de soja do Centro-Oeste deixe de ser escoada pelos portos do Norte do País, e passe a ser feita por portos do Sudeste. Blairo é contra a ideia, e diz que a única alternativa é a conclusão da pavimentação da BR-163.
“O Governo [federal] irá pavimentar 60 km da rodovia, e as empresas privadas começaram a operar para a conclusão da obra, uma inclusiva de Mato Grosso. E não há outra alternativa: tem que concluir a estrada. Os pontos que estouraram foi porque o movimento é muito grande, as carretas são bastante pesadas e agora tem que trabalhar da forma que está”, disse.
O tráfego no trecho de atoleiro da BR-163 esta funcionando no sistema “Pare e Siga”, sob a coordenação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Exército.
“Obvio que isso traz prejuízo para todo mundo, inicialmente para as empresas que compraram a mercadoria com preço pré-fixados. Mas, em segundo momento, o prejuízo vem para os produtores”, diz o ministro.
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