Bill Cosby se apresenta à Justiça americana após mandado de prisão por abuso sexual (Foto: Kena Betancur/AFP Photo)
O comediante Bill Cosby se apresentou à Justiça da Pensilvânia, nos EUA, após ter mandado de prisão expedido por abuso sexual, nesta quarta-feira (30). Cosby foi liberado após a fiança ser estipulada em US$ 1 milhão (cerca de R$ 4 milhões). Ele teve que entregar o passaporte. Uma audiência preliminar no caso foi marcada para 14 de janeiro.
Cosby, de 78 anos, foi formalmente acusado nesta quarta-feira e teve um mandado de prisão expedido por supostamente ter drogado e abusado sexualmente de uma ex-funcionária da Universidade de Temple em 2004, informa a revista "People". O episódio teria ocorrido na mansão do humorista em Elkins Park, na Pensilvânia.
De acordo com a "`People", que fala em fontes anônimas, a suposta vítima, Andrea Constand, de 42 anos, atualmente trabalha como massagista em Ontário, no Canadá. Ela não comentou o caso, mas uma de suas advogadas agradeceu à do condado de Montgomery, também na Pensilvânia.
"Obviamente, nós agradecemos pela expressão de confiança", afirmou Dolores Troiani. "Vamos ver o que acontece. Esperamos que a justiça seja feita. Vamos cooperar totalmente."
Alegação da promotoria
Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, o promotor-assistente Kevin Steele anunciou: "O senhor Cosby foi indiciado por agressão indecente com agravante".
"Na noite em questão, o senhor Cosby insistiu para que ela [Andrea Constand] tomasse pílulas dadas por ele além de vinho. Seu efeito a tornou incapaz de mover-se e de responder a suas investidas. Ele então cometeu uma agressão indecente agravada contra ela", explicou Steele.
"A Justiça considera que o acusado comete algum tipo de penetração vaginal, penetração utilizando seus dedos, e que a pessoa faz isso sem o consentimento da denunciante", acrescentou.
Mais de 50 mulheres já alegaram ter sido drogadas e sexualmente violentadas por Bill Cosby, que nega as acusações.
Ele também havia anteriormente dito que sua relação com Andrea Constand foi consensual, mas a ex-funcionária alega que, na época em que teria ocorrido o crime, ela estava em um relacionamento com outra mulher.
Andrea se refere ainda ao humorista como um "narcisista" que não percebeu que ela era homossexual.
'Presente de Natal'
Uma advogada de diversas mulheres que acusam o comediante Bill Cosby de agressão sexual afirmou que ver o ator ser indiciado nesta quarta-feira foi o “melhor presente de Natal” que as suas clientes já tiveram, e que muitas delas estariam dispostas a testemunhar no processo criminal, segundo a agência Reuters.
A advogada Gloria Allred, que representa 29 mulheres em ações civis contra Cosby, disse à imprensa em Los Angeles que continuaria a trabalhar para eliminar as restrições legais que impedem o processo por crimes sexuais.
Bill Cosby processou 7 mulheres
No dia 14 de dezembro, Bill Cosby abriu um processo por difamação contra sete das mais de 50 mulheres que o acusaram de abuso. O ator rotulou as acusações das sete mulheres de "malvadas, oportunistas, falsas e difamatórias", e de serem "uma mera tentativa para conseguir dinheiro" e "arruinar" sua reputação.
As mulheres acionadas por Cosby são Tamara Green, Therese Serignese, Linda Traitz, Louisa Moritz, Barbara Bowman, Joan Tarshis e Angela Leslie.
Segundo a advogada de Cosby, as acusações "lhe causaram e continuam lhe causando dor substancial e danos a sua reputação, contratos empresariais, vergonha, mortificação, danos a suas propriedades, empresas, comércio, profissão e ocupação".
"O senhor Cosby alega sem rodeios que ele não drogou e não abusou sexualmente das acusadas e que cada uma delas publicou, maliciosamente e com pleno conhecimento, comentários falsos e acusações desde 2014 até hoje, em uma tentativa de prejudicar sua reputação e extrair benefícios pecuniários", afirmou Monique.
O advogado que representa as sete mulheres, Joseph Cammarata, por sua vez rotulou o movimento de "jogada básica de qualquer advogado", e destacou que Cosby apenas iniciou ações contra sete delas, quando há dezenas de outras mulheres que o processaram.
Fonte: G1