Esportes

Belfort diz que derrota servira como semente que germinará

A derrota para Chris Weidman, em Las Vegas, no último sábado, está digerida. Vitor Belfort garantiu isso em coletiva de imprensa no Rio de Janeiro no início da tarde desta sexta-feira. Mas especificamente, isso ocorreu há dois dias. Foi quando ele fez o seguinte exercício de reflexão, como o próprio explica: “Eu consegui superar porque eu caí de cabeça. Estava quase me socando. Eu e o Vitor Belfort conversamos. Coloquei ele aqui (sentado ao lado), e fiquei falando ‘porque você não fez isso, aquilo’. São erros que você comete”.

Os tais erros a que Belfort chama a atenção, resumidamente, foram ter ido com muita “sede ao pote”, na rajada de socos que quase derrubou o atual campeão dos médios no UFC 187, e ter tido mais calma diante do norte-americano, dentro da ansiedade de quase um ano e meio para a realização da luta. “Eu poderia ter tido mais paciência, ter dado um passo atrás”, antes de ser derrubado no chão e ter perdido o combate ainda no primeiro round, nocauteado. Também estava atirando. Talvez se ele não tivesse progredido no luta, o ‘se’ são muitas opções. Faz parte da vida. O importante é saber o que eu fiz de errado antes de ir para o chão. Eu acho que eu me precipitei. Ele sentiu o golpe e não queria trocar comigo. E não utilizei essa minha experiência. Fiquei um ano e meio esperando”.

“Eu fiquei com os dois ombros no chão. É muito fácil você falar de erro técnico num combate físico. É como um atirador, você estava nervoso, sua mira não estava funcionando. Mas o cara do outro lado também estava atirando”, explicou, bem ao seu estilo “filósofo da vida”.

“Talvez se ele não tivesse progredido no luta, o ‘se’ são muitas opções. Faz parte da vida. O importante é saber o que eu fiz de errado antes de ir para o chão. Eu acho que eu me precipitei. Ele sentiu o golpe e não queria trocar comigo. E não utilizei essa minha experiência. Fiquei um ano e meio esperando”, lamentou.

Aos 38 anos, Belfort diz querer apenas pensar “nas minhas férias” – mais para frente, se reunirá com a cúpula do UFC para decidir o seu futuro. Sem pensar em aposentadoria, já deixa bem claro. “Quantas pessoas tentaram me enterrar? Sabe qual a diferença? Esqueceram que eu sou uma semente. Eu germino e dou fruto. Eu vou para a terra fértil para geminar. Claro que a derrota não foi boa, mas vai gerar fruto e logo mais a gente vai celebrar isso”.

Autoajuda 
“Eu estava lendo uma frase do Michael Jordan: ‘a vida é uma luta, cada um consegue se sensibilizar com esse momento’. Você quase ganhou. Quando você quase ganha, é um sentimento duplo. Ele escreve no livro dele que passavam a bola para ele, e ele decepcionava o time. Quantas vezes ele errou antes de ser um vencedor”.

“O que é vencedor? É vencer a dor. Quando eu saio do octógono, eu penso: ‘o que é prego’. Você é cristão. Esse é seu resultado, como você vai se comportar. Muitas pessoas atuam no mundo das câmeras, mas como vou atuar em casa. Dessa minha vida provada, trago para a vida pública, pois eu consigo atingir um numero maior de pessoas com a verdade”.

O legado 
“Você vê essa corrupção toda na Fifa? Imagina um cara de 83 anos (ex-presidente da CBF José Maria Marin, preso na Suiça) deixando que imagem para os netos. Os meus filhos têm orgulho de falar quem é o pai deles. E isso vai além. Meu legado nem sempre vai ser de vitória, mas também de como eu encarei as derrotas”.

Comparação com o futebol (ele chegou a atuar nos juniores do Flamengo ) 
“As pessoas são julgadas pelo momento. Se você não consegue entender porque você ainda faz aquilo, porque eu ainda estou competindo, o que significa ser um brasileiro, um homem de Deus, um pai de três filhos, o que isso significa? Gerar filho qualquer um gera. Mas e ser pai? É decisão todo dia e você nem sempre acerta. O importante é você não permanecer naquele erro, e o futebol me ensinou nisso, só que o futebol tem mais chances, você joga na quarta, e domingo. No MMA demora mais”.

Críticas ao seu jiu-jitsu contra Weidman 
“Eu não leio esses comentários. Quais são as críticas que eu tenho que me preocupar? São as pessoas que estão comigo. As pessoas de fora falam, e às vezes a imprensa distorce. Isso não importa muito para mim. A gente tem que reconhecer o que o outro tem de bom. Foi o dia dele. Não significa que o Brasil vai tomar 7 a 1 sempre. No esporte é preciso aceitar e pensar ‘bora para o próximo’”.

Rumo ao ouro 
“A minha vida, o esporte em geral, às vezes o mundo do atleta está dentro do campo. O Ronaldo Fenômeno. Hoje ele é um grande veículo, um cara adorado. Ele é uma personalidade que faz vários grandes negócios e ajuda vários outros atletas Eu como lutador eu consegui saí do octógono. Minha vida não é só lá dentro. Hoje, para mim, o meu foco, o meu ouro, é tudo o que eu dispor a fazer para ser o melhor. Não posso me contentar, eu nasci para ser vencedor. A conquista do vencedor é não desistir. O meu sucesso é porque eu falhei muitas vezes, como disse o Michael Jordan”.

A chave de ouro 
“Esses dias, uma pessoa que não é conhecida, fez a analogia de uma chave de ouro. Você olha para várias portas, e a mais bonita é a que você quer abrir. Mas aquela porta não é aquela. A sua porta é a escura. Escuridão é dificuldade, mas ali você consegue entender que, perdendo a visão, é o sentir dentro de você. Até chegar na janela, que você abre e vê uma vida lá fora. As pessoas hoje se confortam em ter só o suficiente. A criança que tem tudo, não dá valor a nada. As minhas superações, reinvenções, fazem parte do legado que eu deixo”.

Fonte: Terra

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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