Com pontualidade britânica, atestada pelo placar eletrônico que fazia uma contagem regressiva para o início do espetáculo, a banda Blitz entrou no palco para começar a programação.
O repertório variou entre sucessos de Evandro Mesquita e companhia, como "Você não soube me amar", e de outros artistas, como "País tropical", de Jorge Ben Jor. O vocalista vestiu uma camisa do Inter, disse que o Beira-Rio era o "estádio mais bonito" que viu na vida e desejou que o Inter "fosse para cima deles", desde que poupasse o Fluminense, clube de seu coração.
Só depois dos cariocas da Blitz saírem de cena que o espetáculo "Os Protagonistas" teve início. Uma nova contagem regressiva, dessa vez com fogos espocando das novas folhas metálicas da cobertura, culminou com Figueroa, D'Alessandro e Fernandão tomando o microfone para dar boas-vindas aos torcedores.
Foi aí que a viagem no tempo começou. O campo do Beira-Rio transformou-se em um lago através da projeção de luzes representando o Guaíba, e por ali passou uma grande embarcação. A história da construção do estádio, junto com as conquistas que abrigou, foi revisitada.
Começando pelos gloriosos anos 1970, com direito a um facho de luz que passeou pelas arquibancadas, imitando a misteriosa luz que apareceu na cabeça de Figueroa ao testar a bola para as redes e dar o primeiro título brasileiro ao clube, em 1975. Depois, a reconstrução do gol de Falcão na semifinal de 1976, em que o volante tabelou de cabeça com Escurinho antes de marcar.
Foi a deixa para que o ex-volante aparecesse, vestido com o uniforme do Inter à época, em um dos momentos marcantes do espetáculo. No telão, a imagem do falecido Escurinho, a quem Falcão prestou reverência com um movimento de cabeça, como se repetisse a jogada histórica. O título brasileiro invicto de 1979, feito ainda inédito no futebol nacional, também foi homenageado, antes de Kleiton & Kledir tomarem o palco para apresentarem a emblemática "Deu pra ti".
Dos anos 1980, menos gloriosos para o clube, o troféu Joan Gamper de 1982 e a vitória no Gre-Nal do Século, pela semifinal do Brasileirão de 1988, foram os destaques. A banda Nenhum de Nós deu o fechamento musical da década com "Camila".
A conquista da Copa do Brasil de 1992 e a goleada de 5 a 2 em Gre-Nal no Olímpico, em 1997, foram os pontos altos destacados nos anos 1990. Mas a emoção maior ficou por conta das lágrimas de Fabiano, ao reconhecer a tristeza por não ter conquistado títulos importantes.
A volta das glórias nos anos 2000 foi salpicada por depoimentos dos mais recentes ídolos da história do clube, como Fernandão, Sóbis, Clemer, Alex, Bolívar, D'Alessandro e Guiñazu.
As duas Libertadores e conquistas continentais, como Copa Sul-Americana e duas Recopas, foram destacadas. Mas o capitulo especial ficou reservado ao mais importante troféu: o Mundial de Clubes de 2006.
Falcão, dessa vez devidamente enfatiotado, tomou mais uma vez o microfone e apresentou o segmento que esmiuçou, movimento por movimento, o gol de Adriano Gabiru que garantiu a vitória de 1 a 0 sobre o Barcelona. O lance foi repetido no telão em silêncio até a bola chegar à rede e levar os colorados presentes à loucura.
Giovanni Luigi então tomou a palavra para reinaugurar oficialmente o estádio:
— Declaro inaugurado o novo Beira-Rio! — gritou, ao que a torcida respondeu com gritos de "ô, o Beira-Rio voltou!".
A torcida ainda cantava quando entrou em campo a "Cápsula do Tempo", com textos de colorados, que será desenterrada somente daqui a 45 anos, em 2059. Até lá, os emocionados torcedores que lotaram o novo estádio esperam ter mais conquistas a relembrar.
O encerramento veio com texto emocionante lido por Adroaldo Guerra Filho, enquanto telões eram suspensos no ar, com imagens dos grandes ídolos da história do Inter, que levaram a mensagem que os verdadeiros "Protagonistas" da trajetória do clube são os próprios torcedores.
Zero Hora