Cidades

Bebê recebe alta, mas é obrigado a ficar em hospital por falta de remédio

De acordo com a família, o bebê já era para estar em casa há 45 dias. O medicamento que ele precisa só está à disposição dos pacientes internados no Hospital Universitário Júlio Müller, vinculado à Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), da capital. "A Farmácia de Alto Custo do estado não tem o remédio. Há quase dois meses, a minha filha foi dar entrada no processo na Farmácia de Alto Custo e não conseguiu nada", afirma a avó do bebê, Alessandra da Silva Daniel.
 
A criança tem uma doença que faz o organismo produzir mais insulina do que o necessário. Segundo os médicos, apenas com o uso de remédios, o bebê mantém o nível de insulina ideal. "Ele convulsiona e tem risco de parada cardíaca e de morte súbita porque ele faz hipoglicemias muito severas que são incompatíveis", explica a pediatra Sandra Breder Assis. 
 
Cada ampola do medicamento custa R$35 e o bebê precisa usar cinco por dia. Por mês, o gasto é de R$ 5 mil. O último pedido feito pelo hospital foi de 300 unidades do remédio e vai custar R$ 11 mil. "A farmácia de Alto Custo não compra [o remédio] e a cada hora é um problema. Falam que não acham, sendo que o hospital universitário vem bancando o tratamento dele há meses. Eu vejo isso como um descaso pela vida do outro", diz Assis.
 
Para garantir o tratamento da criança, há quase quatro meses, a avó dele, que mora em Poconé, cidade a 104 quilômetros de Cuiabá,  vive no hospital e dorme de forma improvisada. A família já entrou com uma ação na Justiça. Desde o dia 29 de abril, a Secretaria Estadual de Saúde está obrigada a fornecer o remédio, mas até agora, a decisão não foi cumprida.
 
Judicialização
 
A Justiça de Mato Grosso não tem um levantamento de quantas decisões deixaram de ser cumpridas pelo governo do estado. Nos últimos 30 dias, cerca de 120 pacientes da Grande Cuiabá procuraram os tribunais para ter garantido o acesso a medicamentos de alto custo.
 
Para o juiz Jones Gattas Dias, a judicialização da saúde deveria ser a última medida tomada por uma pessoa para obter medicamento na rede pública de saúde. "Sem dúvida que seria bem mais interessante se o estado pudesse cuidar desse atendimento, dessa assistência à saúde. Sem a necessidade dessa via extrema que é a judicial", confirma.
 
Para a avó do bebê, falta respeito a quem depende da rede pública de saúde. "Que houvesse uma mudança, mais respeito com o ser humano. Nem todo mundo tem condições de comprar. A medicação dele é muito cara", afirma.
 
Outro lado
 
A Secretaria Estadual de Saúde informou, por meio da assessoria de imprensa, que está comprando os medicamentos para regularizar o estoque da Farmácia de Alto Custo. Segundo a pasta, 84 itens estão em fase de entrega. A secretaria disse ainda que realiza, neste momento, 14 pregões para comprar mais remédios que vão suprir pacientes com doenças raras e o cumprimento das liminares da Justiça.
 
Fonte: G1

Redação

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