Os dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) concordaram que a política monetária não será alterada para a se ajustar a pequenas flutuações na inflação da zona do euro, segundo ata da última reunião monetária entre 10 e 11 de setembro, divulgada nesta quinta-feira, 9, pela instituição.
O documento confirma que todos votaram a favor da manutenção dos juros ao avaliar que a “perspectiva de inflação continua em uma boa posição e a economia doméstica resiliente, com riscos mais equilibrados para o crescimento da atividade econômica”, visão inalterada em relação a reunião de julho. “Assim, não havia pressão imediata para mudar as taxas de juros” em setembro, ressaltaram, prevendo que as taxas somente serão ajustadas em caso de riscos de médio prazo.
Os dirigentes concordaram em manter opções em aberto durante futuras reuniões monetárias para agir rapidamente contra eventuais choques na economia e na inflação, se necessário. O BCE ainda trabalha com a ideia de que um corte de juros nos próximos meses pode ser apropriado para “proteger a meta de inflação em 2%”, mas retirou da ata a menção a uma possível redução adicional ainda este ano.
Segundo o banco central, os riscos geopolíticos e comerciais mantiveram ambiente incerto, o que justifica cautela ao calibrar a política monetária. Contudo, os dirigentes reconhecem que o acordo comercial entre Estados Unidos e União Europeia (UE) eliminou os graves riscos de baixa para a economia e gera riscos duplos para a inflação.
Vários membros do BCE projetavam mais riscos de baixa para a inflação no médio prazo, com as tarifas, valorização do euro, chance de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed), fluxo de bens da China, entre outros. Poucos viam possível alta d os preços, também citando tarifas, preços de energia e volatilidade cambial.
A dirigente Isabel Schnabel chamou atenção ainda para o risco de uma “repentina e intensa correção” dos mercados financeiros, caso o sentimento sofra uma deterioração e tendo em vista o alto nível de valorização dos ativos.
Os dirigentes concordaram em manter uma comunicação “cuidadosa, neutra e sem se comprometer” com uma trajetória para os juros, mantendo as decisões dependentes de dados a cada reunião e o compromisso em estabilizar a inflação em 2%.