Em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou ontem a taxa básica de juros em 1 ponto porcentual, de 13,25% para 14,25%, mesmo patamar registrado na crise econômica deflagrada no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016. Foi a quinta alta seguida da Selic, sendo a terceira de um ponto porcentual – confirmando as indicações dadas ainda em dezembro.
No comunicado divulgado logo após a reunião, o Copom já antecipou um novo “ajuste de menor magnitude” no seu encontro de maio, sem indicar um porcentual. Depois disso, afirma que as suas decisões vão depender da evolução de dados como a evolução da dinâmica da inflação – “em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária”.
“O cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, o que exige uma política monetária mais contracionista”, diz.
Sobre o regime de gastos do governo, voltou a dizer que “a percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes”. Existe também menção ao mercado externo, que “permanece desafiador” diante das incertezas geradas com as medidas anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
Desde setembro, o BC já aumentou a Selic em 3,75 pontos – o segundo maior ciclo de alta nos últimos 20 anos, só menor que os 11,75 pontos entre março de 2021 e agosto de 2022, após o fim da pandemia.
Questionado sobre a decisão do Copom, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que prefere esperar a publicação da ata da reunião, na próxima semana. Já o mercado começou a avaliar as opções de alta nas próximas reuniões. “Mantemos o cenário: claramente, o viés ainda é para juros mais elevados”, disse Roberto Padovani, economista-chefe do banco BV. A princípio, ele projeta alta de 0,5 ponto para a Selic em maio.
É a mesma estimativa do estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz. Mas ele frisa que esse cenário considera uma redução da inflação. Caso contrário, o mercado vai passar a projetar uma alta de 0,75 ponto ou mesmo a repetição do 1 ponto porcentual.
“Juntando tudo, me soou como preferência um 0,5 ponto em maio e porta aberta para junho”, avaliou o economista Marco Caruso, do Santander. Em relatório, a XP afirmou que mantém seu cenário de alta de 0,75 ponto, em maio, e de mais 0,5 ponto na reunião de junho, o que colocaria a Selic em 15,5%.