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BC: Centro-Oeste tem maior crescimento entre regiões do Brasil em 2023, puxado por agro

A atividade econômica do Centro-Oeste cresceu 5,9% em 2023, a maior alta entre as cinco regiões do Brasil, segundo o Boletim Regional do Banco Central. Na sequência, aparecem Norte (4,2%), Sul (3,6%), Sudeste (2,6%) e Nordeste (2,4%).

Segundo o BC, as diferenças em estruturas produtivas entre as regiões explicam 18% da dispersão nas taxas de crescimento entre Estados. “As diferenças de estrutura produtiva ajudam a explicar o maior crescimento do Centro-Oeste e do Norte, e o menor crescimento do Sudeste”, diz o relatório.

O maior peso relativo e a forte expansão da agropecuária explicam o desempenho do Centro-Oeste em 2023, segundo o BC. A autoridade monetária também cita positivamente a continuidade do crescimento da indústria de transformação na região, que teve o melhor desempenho regional pelo segundo ano consecutivo.

Na região Norte, o destaque foi a recuperação da indústria extrativa da retração vista em 2022, quando houve um arrefecimento da demanda internacional por minério de ferro. O Sul foi puxado pela agropecuária, que se recuperou da queda de 2022, e pela aceleração do setor de serviços.

O Nordeste desacelerou em relação ao ano anterior, puxado pela indústria e serviços. A desaceleração da atividade no Sudeste, em contrapartida, foi puxada exclusivamente por São Paulo, com o segundo pior desempenho entre dos os Estados brasileiros. Rio, Espírito Santo e Minas Gerais tiveram o quarto, quinto e sexto melhores desempenhos, respectivamente.

Região Norte teve maior crescimento do crédito em 2023, com 14,1%

O saldo do crédito total cresceu 14,1% na região Norte em 2023, a maior alta entre todas as regiões do Brasil, segundo o Boletim Regional divulgado nesta quinta-feira pelo Banco Central. O resultado ficou 6,2 pontos porcentuais acima da média nacional, mas 8,7 pontos abaixo de 2022.

“Houve moderação nas variações do crédito consignado, crédito rural e cartão de crédito financiado no segmento de pessoas físicas”, disse o BC. “Essas modalidades, que haviam registrado forte crescimento nos anos anteriores, ainda contribuíram de forma relevante em 2023, apesar do arrefecimento.”

Depois do Norte, aparecem Centro-Oeste (12,4%), Nordeste (9,0%), Sul (7,7%) e Sudeste (5,7%). Segundo o BC, todas as regiões tiveram desaceleração no crédito, mas de forma heterogênea. No Nordeste e no Norte, o arrefecimento resultou do menor crescimento do crédito livre. No Sul, a redução foi disseminada.

Crescimento de agro e extrativa teve ‘spillover’ de +0,2pp para PIB de 2023

O crescimento da agropecuária e da indústria extrativa gerou um “transbordamento” positivo de 0,2 ponto porcentual para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2023, segundo estudo do Banco Central publicado no Boletim Regional. Diretamente, esses setores contribuíram com 1,5 ponto porcentual dos 2,9% de crescimento da economia no ano passado.

“Além do seu impacto direto, o crescimento da produção de básicos afeta indiretamente as demais atividades, seja metodologicamente – pelo cálculo de margens em comércio, transporte e impostos -, seja através de efeito renda – que gera maior demanda por bens e serviços finais -, seja por efeitos ao longo da cadeia de produção, com maior demanda por insumos ou maior disponibilidade de produtos e posterior industrialização”, diz o relatório.

Esses impactos são diferentes nos níveis regionais. No Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul, por exemplo, o efeito total dos básicos na atividade foi maior do que 7 pontos porcentuais em 2023, segundo o BC – dos quais aproximadamente 1 ponto se deu por efeitos indiretos. Outros Estados tiveram contribuição total acima de 2,0 pontos nos básicos em 2023.

“Os resultados sugerem que transbordamentos oriundos da agropecuária sejam mais significativos que os oriundos da indústria extrativa e que os efeitos indiretos não foram desprezíveis em 2023, ajudando o crescimento da economia nacional e a explicar a dispersão de resultados entre Estados”, diz o BC.

Massa de rendimentos total cresceu 12,4% em 2023, maior alta da série histórica

A massa de rendimentos total (MRT) do Brasil – que engloba a renda do trabalho, aposentadorias, pensões, programas sociais e outras fontes – cresceu 12,4% em 2023, segundo o Boletim Regional do Banco Central. É a maior alta da série histórica, iniciada em 2012. Em 2022, a alta havia sido de 8,5%.

A renda proveniente de programas sociais cresceu 140,4%, segundo as estimativas o BC. Na comparação com 2019, escolhida pela autoridade monetária o estudo, esse segmento avançou em média 24,5% ao ano. Na mesma base, a renda do trabalho cresceu 8,7%, as aposentadorias e pensões subiram 2,1%, e as demais fontes cederam 4,0%.

O aumento da MRT, segundo o BC, pode ser totalmente atribuído à expansão do número de pessoas com rendimento. “Esse componente também é o mais relevante para explicar o aumento das massas de rendimentos do trabalho e de aposentadorias e pensões. No caso dos programas sociais, contudo, há contribuição expressiva tanto do aumento do número de beneficiários como do benefício médio”, diz o boletim.

A MRT cresceu em todas as regiões, com destaque para Centro-Oeste (15,2%), Norte (14,8%), Sudeste (13,8%), Nordeste (9,6%) e Sul (8,8%). “Essa dispersão reflete sobretudo o comportamento da renda do trabalho, o componente de maior peso e que avançou mais naquelas regiões e menos nestas”, diz o BC. A contribuição de programas sociais foi maior no Norte e Nordeste. No Sul, Sudeste e Centro-Oeste, o destaque ficou com aposentadorias e pensões.

Estadão Conteudo

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