Opinião

BANCADA INDÍGENA

Neste ano, candidatos indígenas continuaram a participar das eleições em todo o território nacional. O Tribunal Superior Eleitoral informou que dos 496.898 candidatos que disputaram as eleições municipais, 0,34% são indígenas. Somaram 1.604, a maioria do sexo masculino, concentrados principalmente em estados da região Norte, Centro-Oeste e Nordeste. Destes, 28 disputaram o cargo de prefeito, 57 de vice-prefeito e 1.519 de vereador, distribuídos por várias legendas: PT (173), PMDB (98), PSB (81) e PSDB (80).

O Amazonas foi o estado que liderou a relação, com 339 nomes, seguido pelo Mato Grosso do Sul com 177, Roraima com 118, Pernambuco com 95 e Minas Gerais com 82. Homens indígenas corresponderam a 72,38% do grupo, enquanto que as mulheres indígenas apenas 27,62%. A maioria dos candidatos tem entre 40 e 44 anos (19%) e 35 a 39 anos (18%), respectivamente. No que se refere à formação escolar, 34% têm ensino médio completo, 18% têm ensino fundamental incompleto e 17% concluiram o ensino superior. Em Mato Grosso, conforme dados da Rádio Yandê, candidatos das etnias Kamayurá, Xavante e Meinako disputam com os não indígenas um lugar nas Câmaras Municipais.

Como nos demais espaços da sociedade brasileira, os candidatos indígenas são vítimas de preconceitos e de estranhamentos. E o que levam indígenas a adentrar no mundo complexo da política? Ao conquistar espaços políticos na sociedade, acreditam poder representar não apenas suas culturas, mas indígenas de diferentes etnias, criando caminhos para fortalecer seus direitos e reconhecer sua cidadania. Não diferentemente dos não índios, prometem levar a seus povos condições dignas de vida: saúde, educação, moradia. 

Candidatos indígenas levam nossas memórias a Mário Juruna, da etnia Xavante. Pelo PDT, eleito a deputado federal em 1982, continua sendo o único indígena a chegar ao Congresso Nacional. Uma bancada indígena para honrar o compromisso coletivo dos 305 povos indígenas que atualmente habitam o Brasil ainda é algo distante na representatividade indígena no Congresso Nacional.  

Anna Maria Ribeiro Costa

About Author

Anna é doutora em História, etnógrafa e filatelista e semanalmente escreve a coluna Terra Brasilis no Circuito Mato Grosso.

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