Os dados da balança comercial do agronegócio, divulgados nesta terça-feira pela Secretaria de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, mostram que as vendas externos do setor em agosto somaram US$ 9,04 bilhões, registrando o melhor desempenho para o mês nos últimos quatro anos.
A receita das exportações cresceu 18,5% em relação aos US$ 7,63 bilhões de agosto do ano passado. Já as importações do setor na comparação mensal recuaram 9,3% para US$ 1,194 bilhão. O superávit da balança do agronegócio em agosto ficou em US$ 7,847 bilhões, enquanto que os demais segmentos tiveram déficit de US$ 2,248 bilhões nas transações comerciais. O setor respondeu por 46,4% do total das exportações brasileiras em agosto, ante 44,9% em agosto do ano passado.
Segundo o levantamento, as vendas externas de soja em grão alcançaram volume recorde em agosto de 5,95 milhões de toneladas (+55,9%), o que gerou uma receita de US$ 2,23 bilhões (+40,5%). O preço médio do produto caiu 9,9% no período, passando de US$ 417 para US$ 376 por tonelada.
Os embarques de milho, também recordes, representaram 5,26 milhões de toneladas em agosto, com crescimento de 105% em relação ao mesmo mês do ano anterior. A receita cresceu 89,3% para US$ 817,55 milhões (+89,3%). O preço médio do cereal recuou 7,6%, passando de US$ 168 para US$ 156 a tonelada.
Carne bovina, suco de laranja e celulose foram outros setores de destaque nas exportações do agronegócio. As vendas da carne bovina cresceram 35,1% em valor, totalizando US$ 606,56 milhões. Em quantidade, houve incremento de 34,4%, sendo embarcadas 145,73 mil toneladas. O país vendeu 214 mil toneladas de suco de laranja, em alta de 75% em relação a agosto do ano passado, trazendo divisas de US$ 180 milhões (+81,5%). Já no complexo florestal, a celulose comercializou 1,2 milhão de toneladas (+8,8%), o que significou US$ 569 milhões (+31,1%).
Balanço anual
No acumulado de janeiro a agosto deste ano as exportações do agronegócio brasileiro somaram US$ 60,44 bilhões, o maior valor para o período dos últimos três anos. Em relação aos primeiros oito meses do ano passado o crescimento foi de 8,3%.
Segundo o estudo, as importações também apresentaram elevação, passando de US$ 8,48 bilhões entre janeiro e agosto de 2016 para US$ 9,54 bilhões entre janeiro e agosto de 2017 (+12,5%). O resultado da expansão tanto das exportações como das importações foi uma elevação do saldo da balança comercial do agronegócio, que passou de US$ 51,96 bilhões para US$ 55,89 bilhões no período em análise.
Os técnicos do governo observam que mesmo com a elevação nas exportações, a participação das exportações do agronegócio caiu de 48,9% para 44,8% das exportações totais no período, em função de um incremento mais forte das exportações dos demais produtos (+27,5%).
Os cinco principais setores exportadores do agronegócio neste ano foram: complexo soja (participação de 39,4%; +2,3 pontos percentuais), carnes (participação de 15,5%; -0,1 pontos percentuais), complexo sucroalcooleiro (participação de 12,4%; +1,1 pontos percentuais), produtos florestais (participação de 11,3%; +0,2 pontos percentuais) e café (participação de 5,2%; -0,1 pontos percentuais).
As exportações de produtos do complexo soja somaram US$ 25,79 bilhões entre janeiro e agosto de 2017, um valor que só foi menor em relação ao recorde obtido em 2014 (US$ 27,25 bilhões), ano em que os preços internacionais dos produtos do complexo soja eram maiores.
A soja em grão foi o principal produto de exportação do setor, com vendas externas de US$ 21,44 bilhões e volume embarcado de 56,9 milhões de toneladas. Ambas as cifras mencionadas, tanto o valor exportado quanto o volume embarcado, foram recorde para o período analisado.
Já as exportações de farelo de soja caíram de US$ 3,87 bilhões entre janeiro e agosto de 2016 para US$ 3,55 bilhões entre janeiro e agosto de 2017 (-8,4%). As vendas externas de óleo de soja, por outro lado, subiram de US$ 660,15 milhões entre janeiro e agosto de 2016 para US$ 800,79 milhões entre janeiro e agosto de 2017 (+21,3%).
O segundo principal setor exportador do agronegócio foi o de carnes, que teve incremento de vendas externas de 7,8%, com o aumento das exportações de US$ 9,41 bilhões entre janeiro e agosto de 2016 para US$ 10,14 bilhões entre janeiro e agosto de 2017. No geral, as carnes não apresentaram elevação no volume exportado (-1,7%), mas, em função da elevação dos preços médios de exportação (+9,6%), houve incremento no valor exportado pelo setor (+7,8%).
A carne de frango foi a principal carne exportada no período. Foram US$ 4,82 bilhões em vendas externas entre janeiro e agosto, cifra que foi 6,1% maior que os US$ 4,54 bilhões exportados entre janeiro e agosto de 2016. Esse valor significou 47,5% do valor total exportado de carnes pelo Brasil.
As vendas externas de carne bovina foram de US$ 3,77 bilhões (+5,3%), com volume exportado praticamente constante, mas aumento de 5,3% no preço médio de exportação. As vendas de carne suína também tiveram o mesmo comportamento, registrando US$ 1,10 bilhão em exportações (+24,2%), com elevação de 26,8% no preço médio de exportação, mas queda de 2,1% na quantidade exportada.
Dentre os cinco principais setores exportadores do agronegócio, o setor sucroalcooleiro foi o que apresentou a maior elevação no valor exportado, que passou de US$ 6,84 bilhões entre janeiro e agosto de 2016 para US$ 8,14 bilhões entre janeiro e agosto de 2017 (+19,0%).
O bom resultado se deve à elevação do preço médio de exportação dos produtos do setor, que subiram 22,8%, uma vez que o volume médio de exportações caiu 3,1%. O açúcar é o principal produto do setor, com vendas externas de US$ 7,60 bilhões (+24,2%), o que significou 93,4% do valor exportado pelo setor. O outro produto do setor foi o álcool, com exportações de US$ 528,80 milhões (-25,9%).
Os produtos florestais, quarto principal setor em exportações, bateram recorde tanto no valor exportado, que foi de US$ 7,38 bilhões (+10,0%), quanto no volume de vendas, que atingiu 14,74 milhões de toneladas (+4,5%). O principal produto do setor foi a celulose, que foi responsável por US$ 4,08 bilhões em exportações (+12,3%), recorde para o período de análise.
Além do recorde em valor, a quantidade exportada de produtos florestais também atingiu volume recorde para o período de janeiro a agosto. Foram 9,34 milhões de toneladas exportadas de celulose (+5,0%). Também foram exportados no setor: madeira e suas obras (US$ 2,05 bilhões; +12,6%) e papel (US$ 1,25 bilhão; 0%).
As vendas externas de café tiveram comportamento semelhante às vendas de carnes e dos produtos do complexo sucroalcooleiro. Houve queda no volume médio de exportações (-7,3%), mas elevação no preço médio de exportação (+14,3%). As vendas externas de café verde foram de US$ 2,94 bilhões (+4,8%), enquanto as exportações de café solúvel foram de US$ 390,69 milhões (+10,4%).