Cidades

Bala que matou dançarino DG em 2014 não perfurou a camisa

Quando foi encontrado por policiais militares da UPP Pavão-Pavãozinho dentro da creche Lar de Pierina, no morro de Copacabana, no início da manhã de 22 de abril, o corpo de Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG, estava vestido com uma camisa listrada azul e branca do avesso. O tiro que matou dançarino deixou uma marca de entrada, na base das costas, e outra de saída, no ombro. A roupa, entretanto, permaneceu misteriosamente intacta: segundo laudo de local de crime, obtido pelo EXTRA, a “inspeção dos trajes da vítima revelou que a camisa encontrava-se vestida do avesso e não havia perfurações”.

O documento, assinado pelo perito Fabio Ferreira Neves, ainda aponta a existência de “um ferimento pérfuro-contuso” e de “manchas de sangue” nas regiões onde o projétil entra e sai do corpo. Onze meses após a abertura do inquérito pela 13ª DP (Ipanema), o laudo pode dar novos rumos à investigação. Policiais civis da unidade, peritos e membros do MP ouvidos pelo EXTRA já suspeitam que houve fraude processual, ou seja, que DG foi vestido após ser assassinado.

— O disparo que matou Douglas causou diversas fraturas na articulação do ombro. Por isso, ele não teria condições de, sozinho, vestir a camisa com a qual foi encontrado. Pelo laudo, podemos dizer que ele morreu com o tórax desnudo e foi vestido depois. Além disso, com essas fraturas no ombro ele jamais conseguiria pular tantos obstáculos para chegar até a creche — afirmou o perito Leví Inimá de Miranda, após examinar o laudo.

A Polícia Civil já sabe que o tiro que matou DG partiu da arma de um policial. Como o EXTRA revelou com exclusividade, um laudo de reprodução simulada elaborado pela Divisão de Homicídios (DH) concluiu que DG foi atingido quando fugia, pela janela, de um prédio invadido por policiais. O atirador foi um dos seis PMs que aguardava a incursão fora do prédio, na Avenida Pavãozinho.

Procurada para explicar como a camisa permaneceu intacta apesar do disparo, a Polícia Civil se limitou a afirmar, por nota, que “as investigações estão em andamento”.

Fonte: G1

 

 

 

Redação

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