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Avô de menina morta por envenenamento também tomava suco feito por madrasta

A Polícia Civil colheu depoimento de testemunhas que afirmaram que o avô paterno de Mirela Poliane Chue de Oliveira, de 11 anos, que morreu em junho do ano passado, em Cuiabá, após ter sido envenenada, também tomava o mesmo suco de melancia que a madrasta dava à menina.

Nesta semana, a Justiça autorizou a exumação do corpo de Edson Manoel Leite de Oliveira, morto em 2018.

Segundo a Polícia Civil, essa exumação ainda não tem data marcada para ocorrer, mas será realizada dentro dos trâmites legais, com a presença da Vigilância Sanitária, Politec e Polícia Civil.

O pai de Edson e familiares foram ouvidos para esclarecem os acontecimentos e o caso está sob sigilo.

Segundo a Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), Mirella foi envenenada por Carbofurano, um inseticida que age sobre insetos, ácaros, e nematoides por contato ou após ingestão. Possui persistência moderada em solo (meia-vida entre 30 a 120 dias). A comercialização do veneno é proibida no Brasil atualmente.

A madrasta de Mirela é acusada de matá-la e está sendo investigada por suspeita de matar o avô dela, em 2018, para que a menina passasse a ficar sob os seus cuidados e pudesse arquitetar o plano para tentar se apossar de uma herança da criança. Jaira Gonçalves de Arruda, de 42 anos, está presa acusada de matar a enteada.

A decisão que determinou a realização da exumação foi dada no dia 16 de outubro, mas a Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) só foi notificada nessa segunda-feira (23).

O inquérito policial concluiu que Jaira cometeu o crime para ficar com a herança da vítima, de R$ 800 mil. Agora, ela está sendo investigada pela morte de Edson Manuel, em março de 2018.

Mirela tinha recebido o dinheiro de uma indenização por erro médico do hospital onde ela nasceu. A mãe dela morreu durante o parto.

A ação foi movida pelos avós maternos da criança. Em 2019, após 10 anos, o processo foi encerrado, e o hospital foi condenado a pagar uma indenização de R$ 800 mil à família, já descontando os honorários advocatícios.

Parte do dinheiro ficaria depositada em uma conta para a menina movimentar na idade adulta. A Justiça autorizou que fosse usada uma pequena parte desse fundo para despesas da criança, mas a maior quantia só poderia ser acessada aos 24 anos.

Até então, Mirela morava com o avô paterno, mas depois da morte dela passou a morar com o pai e a madrasta, até ser envenenada e morrer em novembro de 2019.

No intervalo de um ano, até a morte, Mirella foi internada várias vezes. No total, foram nove entradas em um hospital particular de Cuiabá, onde ficava de três a sete dias e, depois, melhorava. Ao retornar para casa, ela voltava a adoecer.

Ela recebia diagnósticos de infecção, pneumonia e até meningite. Na última vez em que foi parar no hospital, a menina já chegou morta.

A investigação da Delegacia Especializada de Defesa da Criança e do Adolescente (Deddica) apontou que a madrasta envenenou a enteada com uma substância de venda proibida, ministrada gota a gota, entre abril e junho de 2019.

Jaira está presa na Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto May, em Cuiabá, desde setembro de 2019.

O inquérito concluiu que o pai de Mirela não teve participação no crime.

Redação

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