Nesta semana, 60 aves que estavam abrigadas no Centro de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama do Ceará foram trazidas para Mato Grosso e ganharam a liberdade na região de Tangará da Serra. Os 56 papagaios, 4 araras e 1 tucano são oriundos de entrega voluntária, apreensão e resgate e estão passando pelo processo de soltura branda.
O transporte aconteceu de forma estratégica para que as aves sofressem o mínimo possível com os efeitos da longa viagem. Um caminhão da PRF adaptado com gaiolas próprias fez o transporte, com o acompanhamento dos tratadores e as paradas necessárias para alimentação e água dos animais. Um carro com servidores do Ibama deu suporte durante todo o trajeto.
A operação de repatriação de animais silvestres para o Estado de Mato Grosso foi uma força tarefa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Centro de Animais Silvestres do Ibama e Polícia Rodoviária Federal (PRF). A ação foi acompanhada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT), que deu suporte em todas as etapas do processo.
Esta é a segunda vez que o Cetas do Ceará e a Coordenadoria de Fauna e Recursos Pesqueiros da Secretaria de Meio Ambiente trabalham em conjunto em ações de repatriamento. A coordenadora de Fauna da Sema, Neusa Arenhart, pontua que todo esforço sempre deve ser empregado para que os animais apreendidos ou resgatados retornem â natureza.
“É uma parceria com objetivo de devolver aos animais o que eles não deveriam ter perdido, a liberdade. A maior importância que vejo nessas ações é que não podemos deixar de lutar por um mundo melhor para todos”, destaca a bióloga.
As aves foram levadas para a fazenda São Marcelo, que possui um recinto do projeto Asas (Area de Soltura de Animal Silvestre). O projeto do Ibama tem a parceira da Sema, que cadastra instituições interessadas no registro de áreas de soltura.
Os animais foram colocados no viveiro, já todo estruturado com comedouros e bebedouros e passaram pelo processo de aclimatização, para se recuperarem do estresse da viagem, hidratar, alimentar e descansar. Após 9 dias neste ambiente, a equipe da Sema retornou ao local e verificou que as aves tinham condições físicas e clínicas para serem soltas.
Já aptas para as condições de voos, foi aberta uma janela para que elas começassem a deixar o recinto. Para a soltura branda, equipe da Sema e da fazenda colocaram os comedouros e bebedouros na parte externa e aos poucos incentivaram as aves a sair do viveiro. A abertura de espaços menores e o atrativo para saírem do local são importantes para evitar ataque de predadores.
Fernando Siqueira, Gerente de Fauna da Sema, que já participou de outras solturas, mas nunca de animais vindos de locais diversos com históricos tão diferentes, relata que esta é uma experiência única. “Ver todo o processo de aclimatização deles, a ambientação no recinto para se adaptar é algo muito bonito. Alguns papagaios infelizmente tiveram mais dificuldade de sair por estarem mais acostumados com a presença humana e pelo fácil acesso de água e comida. Já as araras quando as janelas foram abertas já saíram voando, procuraram a liberdade”.
A equipe da fazenda foi orientada pelos servidores da Sema a continuar a alimentação por 30 dias com o fornecimento de sementes, frutas, ração e água devido ao período de seca. Além da vistoria no recinto e no acompanhamento da soltura a Sema monitora o comportamento das aves. A Gerência de Fauna continua acompanhando a ambientação das aves e caso perceba que alguma não se sente segura ela será recolhida e solta em outro momento.