Opinião

AVANTE XAVANTE CANTE!

No Rio de Janeiro, no Teatro Municipal, aconteceu no último dia 10 o 26º Prêmio da Música. Criado em 1988, o Prêmio da Música é considerado o maior reconhecimento a quem faz música brasileira, quando presta homenagem aos grandes nomes do cenário nacional. Ao reunir diversificada categoria musical, o prêmio tem o propósito de reconhecer o talento dos cantores, músicos, arranjadores e produtores. A premiação deste ano fez homenagem aos 50 anos de carreira de Maria Bethânia.

No Prêmio da Música/2015, os indígenas estão em alta! A presença indígena no repertório de Maria Bethânia é sabida. Em entrevista, declarou seu grande interesse em interpretar canções, como ela mesma disse, “da nossa gente, do nosso povo”, inclusa, por exemplo, “Avante Xavante Cante”. Marlui Miranda, importante intérprete e pesquisadora da música indígena do Brasil, recebeu o prêmio na categoria Melhor Cantora com o álbum “Fala de Bicho, Fala de Gente”, com cantigas do povo Yudjá/Juruna. O álbum, um verdadeiro mergulho aos sons vocais e instrumentais indígenas, traz a música de ninar do povo Juruna. Marlui explicou: “Não foi tarefa fácil abordar esse repertório, pois há uma restrição cultural envolvendo sua execução: depois das cinco horas da tarde não se costuma interpretá-las, já que, segundo a crença dos jurunas, isso poderia afetar as pessoas mais vulneráveis, as crianças, fazendo-as cair num sono letárgico, podendo até não acordar mais”.

Na exaltação aos povos indígenas, além de Maria Bethânia e Marlui Miranda, o Prêmio da Música lembrou de Heitor Villa-Lobos (1887-1959), o Villá ou Índio de Casaca, como também foi chamado. A “Sinfonia nº 10 – Ameríndia” venceu na categoria Álbum Erudito. Ameríndia evoca Sumé, um ente da mitologia indígena. Além de contar sobre o percurso da entidade nas areias do litoral brasileiro, traça um paralelo com Anchieta.

O Prêmio da Música é, sem dúvida, um importante momento para os filhos do  Brasil, pois pelas vozes e instrumentos musicais apresenta a grandeza da pluralidade cultural do país, da diversidade de ideias, de ideais.

Anna Maria Ribeiro Costa

About Author

Anna é doutora em História, etnógrafa e filatelista e semanalmente escreve a coluna Terra Brasilis no Circuito Mato Grosso.

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