São muitos os benefícios que estão sendo distribuídos à população mais carente neste ano eleitoral, na busca de votos para presidência da República e parlamentares.
Buscando dinheiro para tantos auxílios a primeira coisa a ser feita foi romper o teto de gastos, que previa uma limitação dos gastos públicos. Com a ajuda dos deputados e senadores e de partidos da oposição, inclusive o PT, não foi difícil conseguir essa façanha.
Com a grana na mão o governo aumentou o Auxílio Brasil para 600 reais até dezembro deste ano e deu uma ajuda de 1.000 reais a caminhoneiros e taxistas. Também forçou os governadores a reduzir o ICMS dos combustíveis, diminuindo o preço deles.
Para potencializar os efeitos desses benefícios, o governo aumentou o percentual do financiamento do empréstimo consignado (aquele, cujas parcelas são descontadas diretamente na folha de pagamento). Agora os beneficiários do Auxílio Brasil, podem comprometer até 45% da renda com parcelas, o que na verdade é uma fábrica de inadimplência, principalmente porque os juros dos adiantamentos salariais podem chegar a mais de 4% ao mês.
É um negócio tão bom para os bancos públicos, que mesmo antes de oficializar a data para começar a operação, eles já atualizaram os cadastros dos possíveis clientes e estão com as portas das agências abertas para recebê-los.
Entretanto essa irresponsabilidade na caça de votos não é uma exclusividade do governo atual. Em 2016, na busca da popularidade inalcançável, a Dilma desonerou a folha de salários e reduziu o custo da energia elétrica. Não conseguiu o apoio popular que desejava e quebrou o caixa do governo, terminando afastada.
Parece que o Bolsonaro terá outro destino. A baixa da gasolina e o anúncio das benesses, já mexeram na intenção de votos da população. A vantagem que o Lula mantinha de 14% sobre o presidente candidato, já diminuiu um pouco só com a queda do preço da gasolina e o anúncio dos benefícios previstos.
Não precisa ser um entendido em política para supor que a possibilidade do Lula vencer a eleição no primeiro turno está ficando mais distante. Recentes resultados de pesquisas eleitorais já mostram uma queda de 2 pontos percentuais na diferença entre os dois competidores.
E olha que o Bolsonaro tem ainda muita bala na agulha. A partir do dia 10 deste mês começam a cair na conta os 600 reais do Auxílio Brasil, os mil dos caminhoneiros e um empréstimo consignado mais gordo. Não sabemos se esse viés de melhora do Bolsonaro é duradouro, porque na segunda quinzena, duas forças concorrerão: o poder da caridosa caneta presidencial e a oratória inflamada do Lula, que começa a percorrer o País.
Se o caixa do governo estoura, se a população mais pobre se endivida até ficar inadimplente pouco importa, a prioridade até outubro é ganhar a eleição.
O Bolsonaro com a ajuda dos políticos, rompeu o teto de gastos; o Lula já disse que trabalhará para anular este limite conquistado no governo Temer. Ficou claro que a propalada diferença, neste assunto, não passa de conversa fiada e que são ambos farinha do mesmo saco.
Renato de Paiva Pereira – empresário e escrito