O crescimento da população global e as conjecturas econômicas e geopolíticas são grandes oportunidades para o avanço do agronegócio brasileiro. Essa é a avaliação do economista e ex-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, o “Banco do Brics”, Marcos Troyjo. Nesta segunda-feira (24), ele palestrou no encerramento do encerramento do 18º Circuito Aprosoja.
Troyjo pontua que as mudanças no tabuleiro internacional, com muitos países preocupados com a segurança alimentar, podem abrir portas para a agricultura e a pecuária verde-amarela. O economista lembra que alguns países terão decréscimo populacional nos próximos 25 anos. Mas, os que estão em situação contrária, vão aumentar a população mundial em cerca de 2 bilhões de habitantes.
“Isso é equivalente a acrescentar outra China, outros Estados Unidos e outra Rússia no mundo. E o curioso é que, quando você cruza essa tendência de aumento populacional com fontes de crescimento da economia mundial, verá que o crescimento vem muito mais da expansão de países como Índia, Indonésia e China do que países como Suíça, Suécia ou a Bélgica”, afirma.
Para Troyjo, o crescimento da economia mundial será alicerçado em países com grande densidade demográfica, o que deve impulsionar a demanda por alimentos. O economista aponta que o Brasil, se aproveitar oportunidade, tem potencial para “mudar de patamar”, assim como fez no passado, quando passou de importador de alimentos para exportador.
“Geralmente, quando você tem uma expansão econômica nesses países, que são países de classes média e baixa, a grande maioria da renda adicional vai para o consumo de alimentos. Nós estamos observando aqui, por conta desse aumento da demanda asiática, uma mudança estrutural na procura por alimentos nos próximos anos”, completa.
Ele ainda pontua que a demanda por alimentos, é uma chance de o Brasil aumentar sua renda per capta e investimentos em ciência e tecnologia.
Por outro lado, Troyjo enfatiza que o Brasil não deve “fechar as portas” para os mercados europeus e da América do Norte, pois grande parte dos investimentos feitos no Brasil vem de países ocidentais. O economista defende que é preciso persuadir os europeus que o discurso de suposta proteção ambiental tem mais relação com criar barreiras comerciais.
“É uma pena, às vezes, utilizar a desculpa ambiental para criar barreiras protecionistas contra a exportação do agronegócio brasileiro. Mas ainda assim, colocando esses interesses mais setoriais de lado, tanto o Brasil, quanto os países europeus têm muito a ganhar se continuarem a expandir seu comércio”, acredita o economista.