Política

Áudio aponta suposto acordo para demissão de gestora em Lucas do Rio Verde

Foto: Assessoria

A gravação de um áudio do presidente da Associação Médica Luverdense (Ameluv), Evandro Martins, veiculada em grupos do Whatsapp, aponta a existência de um suposto acordo entre a entidade classista, o secretário municipal de Saúde de Lucas do Rio Verde (333 Km de Cuiabá/MT),  Jean Machado, e o prefeito Luiz Binotti (PSD).

O acordo consistiria na oferta pelos médicos de 1.500 consultas gratuitas em troca da demissão da atual gestora do Hospital São Lucas, Fernanda Dotto.

No áudio divulgado pelo presidente do Conselho Municipal de Saúde, Victor Hugo Stefanello, Evandro fala de um acordo com o prefeito Binotti e a demissão de Fernanda.

“Então, à Prefeitura nós já doamos 1.500 consultas. Estamos trabalhando de graça feito idiotas, por uma coisa que a gente tinha pactuado, que era pra tirar a Fernanda. Que a gente ia pedir a cabeça dela, a Prefeitura ia apoiar e ela ia sair”, diz trecho do áudio.

O presidente da Ameluv ainda reclamou da falta de apoio da classe médica que trabalha na unidade de Saúde.

“Mas, pelo que nós estamos fazendo, não tem a mínima condição de cobrar nada disso deles. Então, vamos ver o que a classe pretende fazer, se vão ficar tudo quietinho do jeito que está”, desabafou.

Nos bastidores, a negociação seria no sentido de uma reivindicação da associação, para obter o controle da unidade de saúde.

Prefeito Luiz Binotti no lançamento da parceria com a AmeluvA parceria entre a Prefeitura e a Ameluv foi divulgada no fim de fevereiro. Os médicos associados vão ceder os consultórios e realizar os atendimentos gratuitamente. Vão participar da ação aproximadamente 40 profissionais que atendem na iniciativa privada.

Entre as especialidades que serão ofertadas estão cardiologia, ortopedia, endocrinologia, ginecologia, pediatra, cirurgia geral, otorrinolaringologia, oftalmologia, infectologia e psiquiatria.

Tentativa de denigrir

Ao Circuito Mato Grosso, o médico endocrinologista, Evandro Martins, desmentiu qualquer tipo de negociata pela “cabeça” da gestora do Hospital São Lucas.

“Não houve acordo nenhum. O que houve foi um trabalho voluntário da Associação Médica, que fez essa doação de 1500 consultas para toda a população”, afirmou.

De acordo com o presidente da Ameluv, não houve pedido de demissão de Fernanda Dotto, mas a solicitação da adoção de medidas, uma vez que os médicos que trabalham na unidade de saúde estão com salários atrasados.

“O que existe é um documento formalizado de todos os funcionários médicos do hospital, juntamente com a Associação Médica e já protocolizado no Conselho Regional de Medicina, na Direção do Hospital e junto a Prefeitura, pedindo vários itens, inclusive a saída da gestora do hospital, que no caso é a Fernanda, mas poderia ser qualquer outra pessoa”, disse. 

“O que nós queremos é que se coloque uma gestão eficiente no hospital e que atenda todos os anseios da população e dos médicos”, completou.

Segundo Martins, o áudio gravado por ele foi feito em um momento de desabafo, por conta da situação calamitosa vivida pelos profissionais no hospital.

“O Hospital tem uma divida de R$ 6 milhões. Os médios estão com medo de levarem calote desse período que estão sem receber. Estão tentando denegrir as pessoas que estão tentando fazer a coisa certa”, declarou.

“Eu falei aquilo no áudio, em um momento de indignação com toda a situação que estamos vivendo”, afirmou.

Ainda de acordo com o presidente da Ameluv, os médicos que atuam no hospital pretendem paralisar os serviços, caso as reinvindicações contra a gestão não sejam atendidas.

“O documento foi entregue e no dia 20, se não for trocada a gestão do Hospital, se os médicos não forem pagos – pois tem salários atrasados de cinco meses -, e se não for feito contrato de trabalho, haverá uma paralisação dos médicos do hospital. O Sindicato dos Médicos de Mato Grosso já está ciente e nos orientou”, declarou Martins, garantindo que irá enviar cópia do documento para o Circuito

“Nós demos um prazo para que eles fizessem uma mudança, mas ao invés de fazer algo para melhorar a gestão do hospital, então tentando denegrir a Associação Médica e a administração municipal”, pontuou.

Nenhum posicionamento

Conforme Fernanda Dotto, ela ainda não foi informada sobre nada relacionado a possibilidade de deixar a gestão do Hospital São Lucas.

“Desde o novo mandato, o prefeito sempre se posicionou no sentido de que continuaria mantendo a minha gerencia no Hospital São Lucas. Acredito que eles devem ter o motivo deles, mas sou uma servidora pública cedida para a Fundação Luverdense de Saúde [que gere o hospital]. Enquanto a Fundação quiser me manter aqui e o prefeito aceitar me manter cedida, continuarei trabalhando”, disse ao Circuito Mato Grosso.

Outro lado

O prefeito Luiz Binotti confirmou que a associação dos médicos apresentaram um pedido de demissão da gestora do Hospital São Lucas, no entanto, ele disse que manteve Fernanda Dotto, por solicitação feita pela Fundação Luverdense de Saúde.

"Não costumo resolver as coisas de forma 'atropelada'. Tivemos uma reunião com todo o Conselho e expus essa solicitação de que os médicos estavam solicitando a saída da Fernanda, mas ela está trabalhando normalmente, pois sei de sua competência", disse.

Estamos trabalhando com diplomacia. Ela mesma, na sexta-feira passada [10], pediu para sair, mas pedi calma. O hospital sempre passou por dificuldades, mas vamos achar uma solução", completou. 

Quanto a suposta negociação envolvendo a doação de consultas, Binotti declarou que jamais compactuou "com esse tipo de troca". 

 

Ouça o áudio de Evandro Martins:

Redação

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