A busca por alternativas à dependência de fertilizantes importados pautou audiência pública realizada nesta segunda-feira (1º) pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), em Cuiabá. O encontro, requerido pela deputada estadual em exercício Sheila Klener (PSDB), reuniu representantes do Ministério da Agricultura, Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema/MT), Agência Nacional de Mineração, pesquisadores e lideranças do setor. A Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM) sediou a reunião.
De acordo com Sheila Klener, a utilização de agrominerais provenientes de rochas alcalinas pode se tornar uma alternativa sustentável para a agricultura mato-grossense, especialmente a familiar. “Já existe a extração da rocha no estado, e a partir do reprocessamento desse material, incluindo rejeitos, podemos gerar fertilizantes locais. Isso reduziria a dependência externa e traria benefícios ambientais”, destacou.
Pesquisadores apontam que Mato Grosso tem potencial para produzir fertilizantes à base de fósforo e potássio, embora o setor ainda careça de investimentos públicos e maior interesse privado. Segundo o geólogo Francisco Pinho, a mineração brasileira está fortemente voltada para o ouro, mas a exploração de rochas alcalinas poderia abrir espaço para novas oportunidades no segmento de insumos agrícolas.
A audiência integrou a programação do Workshop Agrominerais e da XVIII GEO Políticas, organizados pela Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo). O presidente da entidade, Caiubi Kuhn, ressaltou que a dependência de fertilizantes estrangeiros deixa o Brasil vulnerável a crises internacionais, como a guerra entre Rússia e Ucrânia. Ele defendeu que a aplicação de rochas moídas nas lavouras pode fornecer nutrientes essenciais às plantas e ainda gerar ganhos ambientais, como maior retenção de carbono no solo.