Circuito Entrevista

Atualmente, o uso excessivo dos smartphones é uma pandemia

Há 17 anos atuando na área da medicina integrativa, o médico Paulo Salustiano conversou com o Circuito Mato Grosso sobre as implicações do uso dos celulares smartphones que, com a era digital, se tornou objeto de uso comum e constante nas sociedades moderna.

No entanto, a facilidade trazida pela tecnologia, pode causar grande risco a saúde da população, principalmente jovens e crianças, considerados alvos mais vulnerárveis pelas mazelas trazidas pelo uso excessivo do aparelho que nos conecta com todo o mundo. 

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em Mato Grosso, das crianças  e adolescentes entre 10 e 14 anos de idade, 56,3% são usuários de smartphones, já entre os jovens de 15 a 19 anos, 88,8% são usuários de telefone celular. Juntas as duas faixas etárias representam 26,8% dos usuários que utilizam o telefone móvel, seguida de 21,6% do grupo entre 30 e 39 anos de idade.

Carioca, Paulo Salustiano vivem em Cuiabá há 16 anos e onde é sócio-proprietário da Longevittá Clinic Spa, no bairro Jardim Cuiabá.  

No ofício, Salustino relata que a sua especialidade atua no intuito de melhorar a qualidade de vida do ser humano e as técnicas se baseiam no tratamento de pilares como o equilíbrio da mente, do corpo e de espirito. 

Segundo ele, as pessoas não têm ideia do quão a saúde é afetada pela proximidade das ondas eletromagnéticas emitidas pelos aparelhos e, inclusive, em relação ao estudo de seus pacientes, identifica que em alguns casos entre os problemas mais tratados como a ansiedade e o estresse é proveniente dessas excessividades do uso dos celulares. 

Confira trechos da entrevista do médico ao Circuito Mato Grosso:

Circuito Mato Grosso – O uso desenfreado dos smartphones pode trazer algum risco à saúde da população? 

Paulo Salustino – Na verdade é uma nova doença, ainda pouco estudada, pouco conhecida, mas que essa geração está sofrendo e infelizmente vai sofrer muito por esse uso excessivo de celular. Falo porque está sendo um transtorno muito grande para essa geração, assim como para a família e para a saúde.  

CMT – Quais são as principais doenças que a população “viciada” no smartphone está propensa? 

Paulo Salustino – O celular tem trazido diversas doenças do metabolismo e, inclusive, está relacionado à desiquilíbrios hormonais, por conta das ondas eletromagnéticas emitidas pelo aparelho. Há estudos mostrando o aumento de câncer cerebral pelo uso do celular, hiperatividade em crianças, ansiedade, doenças psicossomáticas – que são doenças da mente -, como a síndrome do pânico, ansiedade, depressão, insônia. O uso do celular tem acentuado muito essas doenças. 

Também têm estudos sobre a diminuição de espermatozoides em homens, pois guardam o celular no bolso da frente da calça. Outro ponto afetado é a frequência dos batimentos cardíacos, por manterem o celular dentro do paletó, o que pode estar relacionado as doenças cardiovasculares. Isso sem falar nas doenças comportamentais.  

CMT – Podemos dizer que são doenças da modernidade e que são mais perigosas? 

Paulo Salustino – É sim, o uso excessivo é umas das doenças mais perigosas do século XXI e do futuro dessa geração, sem sombra de dúvidas. Só que a sociedade não está se atentando pra esse grande desafio que estamos enfrentando, que são as doenças que tem afetado todo esse equilibro do corpo, da mente e do espirito.  

Veja bem, hoje a história da baleia azul – uma espécie de “jogo” que consiste em uma série de desafios macabros – tem levado os jovens ao suicídio, a mutilação. Então, é uma guerra, já é uma pandemia esse uso excessivo de celular e está ceifando essa geração do século XXI. 

As crianças hoje em dia já estão nascendo com o celular no berço. Isso é gravíssimo. Antes a criança pedia a mamadeira, hoje ela pede o celular. Com 3, 4 anos está mandando nos pais, pois se não der o celular, a criança briga. Infelizmente está se perdendo a essência da famíli. É algo que está entrando em extinção. 

CMT – Atualmente, a maioria da população faz tudo pelo celular. Trabalha, estuda, se relaciona. Quais são os sinais iniciais de que uma pessoa está viciada e deve moderar no uso dessa tecnologia? 

Paulo Salustino – O primeiro passo é fazer uma auto análise: será que estou me excedendo, será que eu consigo ficar algumas horas sem olhar no celular, sem pegar. As vezes a pessoa fica olhando para o celular e não está olhando pra nada, como se a mente não estivesse ali, mas vagando com várias coisas ao mesmo tempo. Isso é um sinal de que você está viciado nos meios digitais.   

CMT – O pedido de ajuda deve partir do paciente ou os familiares e amigos também podem intervir? 

Paulo Salustino – O viciado nunca admite que está viciado. Então ele precisa de uma visão externa. O familiar, sem dúvida, seria o escolhido para oportunizar a busca de um ajuda profissional. 

CMT – Quais são os principais tipos de tratamento para tais doenças e que tipos de profissionais são envolvidos? 

Paulo Salustino – Para os tratamentos, o indicado são os psicólogos, mas o programador neurolinguísta (PNL) – profissionais que atuam na área de reversão de vícios – junto a um profissional de coaching, com certeza, ajudam muito a largar e a sair do vício. No entanto, os primeiros a serem procurados é um psicólogo ou até um clínico geral.  

CMT – É possível identificar qual a faixa etária da população mais vulnerável a essas doenças? 

Paulo Salustino – Qualquer faixa etária pode ser vítima desse vício, mas a prevalência hoje é em jovens.  

CMT – Como prevenir? 

Paulo Salustino – Primeiro é nunca e jamais presentear uma criança com um celular, isso está sendo uma arma. Na vida, deixe que ela evolua com brincadeiras saudáveis, com as brincadeiras que estão sendo perdidas, reaver o contato com a natureza, andar de bicicleta, caminhar, brincar de pique esconde. A melhor prevenção é essa: evitar o contato precoce com o celular.  

Para as pessoas que já estão no vício, o que tem que se fazer é colocar limites. Estabelecer a quantidade de vezes e o tempo que deve ver as redes sociais. Quando você começa a limitar, ela começa a vencer essa grande barreira, o vício do uso exagerado. É você mesmo ir controlando os seus atos. 

Por fim, a mudança de hábito é a melhor dica, como utilizar o tempo para leitura, fazer uma ioga, para praticar o equilíbrio emocional, ter lazer, praticar atividades físicas, conversar mais com a família. Sempre aproveitar o tempo se fazendo presente de corpo, mente e espirito. 

Redação

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