Roupas, medicamentos, alimentos… coisas que não passam despercebidas pelos policiais penais da Penitenciária da Mata Grande, localizada em Rondonópolis (222 km de Cuiabá). E para pequenos detalhes que fogem ao alcance do olho humano ou da tecnologia dos scâneres, há o reforço de cinco cães que compõem o canil localizado na unidade.
A rotina de Glock, Margô, Athena, Drago e Stark é intensa: duas vezes por semana há a revista interna no raio da unidade: celas, colchões e pertences pessoais dos presos são todos revistados com o apoio dos cães farejadores. À noite os cães também atuam na guarda da muralha, tanto externa quanto internamente.
Há ainda os treinamentos, necessários para que os cães adquiram novas habilidades e mantenham aquelas que já foram conquistadas. Mas é no corpo da guarda que a atuação dos animais tem ganhado bastante destaque ultimamente.
No início deste mês, uma mulher foi presa após tentar levar um ventilador que continha porções de maconha, celular, bateria e carregador. O alerta veio de um dos cães farejadores e os policiais penais prontamente agiram e encontraram os ilícitos. A mulher foi conduzida à delegacia.
“Hoje não entra mais nada dentro da Mata Grande que não passe pela revista de nossos cães. Inclusive no caso de presos que saem para trabalhar, quando retornam passam pela revista dos animais também”, explicou o policial penal responsável pelo canil, José Ricardo Segatto.
Percebendo a atuação exitosa dos cães, houve quem abandonasse frascos de medicamentos que continham drogas, próximo à entrada do presídio. O caso ocorreu no início deste mês enquanto a cadela Glock auxiliava na revista dos materiais que foram deixados para os internos da unidade.
Outro caso ainda ocorreu quando um dos cães deu o alerta para uma bermuda que seria entregue a um dos presos. De acordo com Ricardo, os policiais penais não conseguiram identificar a droga de pronto, já que a costura do cós estava intacta. No entanto, com o alerta do cão, eles abriram a costura e encontraram maconha na peça.
Uma das drogas difíceis de serem detectadas era o LSD, já que é uma espécie de selo utilizado embaixo da língua e pode ser facilmente escondido dentro de livros. Mas isso não está acontecendo na Mata Grande.
“90% dos policiais penais não sabiam identificar o LSD e os scaner também nem sempre identificava. Mas os cães identificam rapidamente. Logo, conseguimos diminuir exponencialmente a quantidade de entorpecentes que entravam na unidade, inclusive de LSD”, pontuou Ricardo.
Antigamente os animais atuavam de vez em quando na revista dos materiais entregues pelos familiares. Em dois meses de atuação diária, Ricardo acredita que apenas 10% dos familiares seguem levando pertences aos recuperandos.
“Quem ia na unidade só para entregar entorpecentes ou algum tipo de material ilegal já desistiu de continuar. Nada mais passa com o reforço da atuação de nossos cães”, disse o policial penal.