Entretanto, essa parece não ser prioridade para os gestores públicos do Estado, tendo em vista que muitos atletas estão sem receber os repasses do Projeto Olimpus – Bolsa Atleta, do Governo do Estado, há cerca de três anos.
Um total contrassenso ao gasto astronômico com obras com vistas à Copa do Mundo, a exemplo do Veículo Leve Sobre Trilhos, o VLT, cujo investimento orçado em R$ 1,5 bilhão deve ultrapassar R$ 6 bilhões e só ficar pronto em 2016.
Carlos Henrique tem 22 anos e pratica karatê desde os 8. Destaque na arte marcial mato-grossense, o jovem faz parte da seleção brasileira da modalidade. As vitórias conquistadas dentro do tatame, porém, não são o bastante para garantir os recursos do Projeto Olimpus, pois o jovem, que faz free lancer de design gráfico, não recebe o valor do subsídio de R$ 800 desde o primeiro semestre 2013, obrigando-o a tirar dinheiro do próprio bolso para manter o nome de Mato Grosso na elite do esporte.
“Faz um bom tempo que não recebo, a última parcela paga tem mais de um ano. O governo sempre promete que irá pagar os valores atrasados. Aí eles pagam uma parcela só para dar uma amenizada e depois volta tudo como antes”, diz.
Atletas de outras artes marciais também sofrem com a falta de apoio para treinos, além da participação de campeonatos. Carlos Flávio é um dos nomes mais talentosos do esporte mato-grossense. Praticante do tae kwon do, luta de origem coreana, Flavinho já conquistou os principais torneios realizados no país – Brasil Open e Copa do Brasil, entre outros.
Apesar dos títulos representando Mato Grosso, o rapaz de 19 anos também se queixa da falta de apoio, pois também engrossa a fila dos que não recebem o Bolsa Atleta.
“Não participo de muitos campeonatos porque minha família não tem condições de me bancar em todos os torneios dos quais preciso participar. Quando deixo de ir não ganho experiência, além de não poder pagar por sessões de fisioterapia, o que me impossibilita de participar de treinos de alto impacto, ideais para competições”, afirma.
O mestre de André, Erozé Viliagra, lamenta o desperdício de potencial: “O atleta precisa do incentivo para se aperfeiçoar. Sem dinheiro não se faz nada disso”.
Secretaria de Esportes reconhece atrasos
A Secretaria de Estado de Esportes e Lazer (SEEL-MT) reconheceu que existem pendências a serem pagas aos atletas de Mato Grosso, afirmando que irá pagar os valores que já foram empenhados.
Segundo a assessoria, “tudo o que estiver empenhado será liquidado ainda este ano”. Em relação às parcelas atrasadas que ainda carecem de pagamento, o órgão público admite que “há bolsas para quitação dos anos de 2010, 2011 e 2012”.
Entretanto, uma das prestações em débito, no valor de R$ 130 mil, deve ser quitada até o final de abril, de acordo com a SEEL.
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