Reportagem Wellyngton Souza
De acordo com o último balanço do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), a expectativa da produção de soja no Estado corresponde a um aumento de apenas 2,6% para safra de 2015/2016.
A projeção para o próximo ciclo, que começa no dia 15 de setembro, é uma produção de quase 30 milhões de toneladas. Em termos de produtividade são esperadas 52,64 sacas por hectare (área equivalente a 10 mil m²). O atraso na liberação de crédito do Governo Federal para os produtores mato-grossenses é o principal motivo de a safra deste ano não ter tido um bom resultado na espera.
“Os atrasos por parte do governo decorreram dos cortes no início do ano, o que levou os agentes financeiros a terem poucos recursos para conceder no primeiro semestre. O crédito está escasso e restrito devido à crise que paralisa o Brasil”, comenta o vice-presidente da Aprosoja, na região Leste do Estado, Endrigo Dalcin.
Endrigo diz não acreditar em recuo da área diante da demora na aquisição de insumos. “É prematuro falar em redução da área por conta disso, mas haverá impacto na produtividade, pois, ou se atrasa o plantio ou se planta com parte do adubo”, pondera.
Ele explica que a alta do dólar é outro fator que afeta a produção e exportação de grãos. “O dólar e o frete subiram, portanto começamos no aperto. Em 2014, uma saca de soja custava UU$ 23, já esse ano podemos chegar a apenas UU$ 17, representando uma redução de 20% a 25%”, salienta.
“Os produtores terão que ser mais cautelosos para a produção de soja. Devem avaliar bem o solo antes de fazerem o cultivo para não terem mais prejuízos, como foi comprar insumos de última hora”, afirma ainda Dalcin.
O Plano Safra 2015/2016 foi anunciado em 02 de junho, enquanto a safra passada (2014/2015) havia sido apresentada em 19 de maio. Na época do anúncio, um estudo feito pelo Imea, relatou que o atraso na liberação do Plano Safra provocaria aumento de R$ 1 bilhão no custo total da safra de soja.
A menos de 15 dias do início da semeadura da safra deste ano, Mato Grosso ainda tem 18% dos insumos (sementes e fertilizantes) para serem comprados. Ainda conforme o balanço do final de agosto, no mês de julho as compras por parte dos produtores atingiram 82%, um avanço de 18,8 pontos. Mesmo assim, é notório o atraso em relação à safra 14/15, quando já haviam sido negociados 93% dos insumos até julho de 2014.
Mato Grosso 2º maior exportador
Mato Grosso foi o segundo maior estado exportador de produtos do agronegócio, em valor, durante junho. As vendas externas somaram US$ 1,48 bilhão no mês. O destaque ficou com o mercado da soja, responsável por 88% do total exportado pelo Estado, uma quantia de US$ 1,31 bilhão, segundo dados do Sistema de Estatísticas de Comércio Exterior do Agronegócio Brasileiro (AgroStat), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Os cinco estados que mais exportaram produtos do agronegócio em junho foram São Paulo, Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Juntos, foram responsáveis por cerca de 68% das exportações do agronegócio brasileiro no mês, somando um valor total de US$ 6,16 bilhões.
Produção de grãos
A sétima estimativa de 2015 para a safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas totalizou 209 milhões de toneladas, superior 8,1% à obtida em 2014 (193,3 milhões de toneladas) sendo 1,3% maior do que a avaliação de junho, feita pelo IBGE, o que totaliza 2,6 toneladas de soja a mais.
Mato Grosso liderou como maior estado produtor nacional de grãos, com participação de 24,7%, seguido pelo Paraná (18,2%) e Rio Grande do Sul (15,9%), que somados representaram 58,8% do total nacional previsto.
A produção para o e Estado se manteve a mesma no mês de maio, se comparada com o mesmo mês em 2014, totalizando em 49,5 milhões de toneladas neste ano, o que é 4,9% maior que a produção de grãos referente a maio de 2014.