Até religiosos desistem de receber do Governo
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“Em assembleia, as irmãs avaliaram a história delas aqui, as condições humanas, a Congregação delas decidiu pelo encerramento das atividades. Com muito pesar, com muita resistência em tomar essa decisão, mas elas não tinham mais condições de manter essa obra”, declarou o administrador do hospital frei Tarcísio, a imprensa.
Esta é mais uma das cidades que perdem definitivamente um aporte tão valioso a saúde pública. Um caso histórico é o fechamento do Hospital Santa Maria Bertila em Guiratinga (340 km de Cuiabá). A instituição de saúde movimentava toda a economia do município, abrigava 110 leitos. Com o fechamento do hospital ruas interiras foram abandonadas por seus moradores, diversos comércios fecharam as portas, e hoje a população sofre com a lembrança do então melhor hospital do estado.
Para o construtor do hospital e hoje proprietário de um hotel na frente da instituição Arnaldo Fernandes Figueiredo, 66 anos, ver um órgão tão importante para toda a população fechado e totalmente abandonado é muito triste e indignante.
“Eu construí este hospital junto com meu pai na década de 60, nós colocamos cada tijolo que faz esta estrutura grandiosa. Já em 80 eu ajudei novamente a fazer o último pavilhão do hospital que sozinho tem 280 metros de área construída. E tenho a certeza de dizer que tudo isto foi possível por conta das verbas arrecadas por Dom Camilo (religioso idealizador e financiador da instituição)”, conta emocionado.
Ainda segundo Arnaldo as obras levaram um bom tempo para serem finalizadas já que não possui nenhuma verba pública. “Todo o dinheiro vinha das obras de caridade e de instituições internacionais ligadas ao religioso”, enfatiza.
Após a morte de Dom Camilo um segundo arcebispo assumiu o hospital, mas sem tantos contatos não demorou para a instituição começar a ficar sem recursos. Mesmo procurando o Governo do Estado para a manutenção do hospital que continha uma equipe completa de atendimento, incluindo leitos de Semi-UTI e equipe cirúrgica não obteve sucesso.
Segundo Arnaldo o então governador Blairo Maggi comprou o hospital por apenas R$ 700 mil reias. Parte deste dinheiro foi destinado ao pagamento dos funcionários e o restante nunca foi pago.
“Era uma tristeza só, eu vi diversas vezes o caminhão chegar aqui e levar um monte de equipamentos embora. Quando o bispo vendou a promessa é que teríamos aqui no mesmo local um hospital estadual, depois um hospital psiquiátrico, mas nada disso foi feito, pelo contrario tudo foi sendo sucateado. Eu ouvi dizer que a maioria dos equipamentos foram levados para as comunidades próximas as fazendas do governador”, denúncia Arnaldo.
A cidade que hoje sofre por falta de atendimento de saúde, já que o hospital mais próximo fica em Rondonópolis (106 km de Guirantinga) ainda teve cerca de 80% das suas Micro empresas fechadas por conta da queda da movimentação de pessoas na cidade. Na cidade as oportunidades d emprego também são escassas e os jovens acabam migrando de cidade.
Por: Mayla Miranda
Fotos: Pedro Alves