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Ataques elevam alerta no Brasil para Olimpíadas

Os ataques terroristas na França, que deixaram 20 mortos e foram praticados por jovens ligados ao radicalismo islâmico, elevam a preocupação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) com a possibilidade de uma ação no país com a proximidade das Olimpíadas de 2016.

Em entrevista exclusiva ao G1, o diretor de Contraterrorismo da Abin, Luiz Alberto Sallaberry, afirmou que o órgão impediu ataques no país durante a Copa do Mundo de 2014 ao identificar suspeitos e planos antecipadamente e que o nível de ameaça de uma ação hoje no país está “aumentado”.

A agência monitora “lobos solitários”, como são chamadas "pessoas que se encantam por uma causa ou organização e que podem realizar ataques mesmo sem integrarem formalmente um grupo terrorista", diz o diretor.

“O Brasil tem um nível de risco que cresceu em relação à série histórica. Não vamos chamar de risco, mas de ameaça. O terrorismo passou a ser hoje a principal ameaça para a sociedade e o Estado brasileiro? Não”, afirma Sallaberry.

"Estamos na iminência de realizar os Jogos Olímpicos, que vão trazer atletas, autoridades e milhares de torcedores de países que são alvos prioritários de terroristas e também de lobos solitários, que estão hospedados em nosso país. E isso aumenta o nível de ameaça”, diz.

“Não temos uma célula terrorista no país. Mas temos, sim, pessoas que podem, claro que podem, facilitar o trabalho, gerar uma logística (para ataques terroristas). E estes que têm esta capacidade, nós temos um trabalho de acompanhamento bastante firme. Não são membros de grupos terroristas, mas pessoas que têm um encantamento pela ideologia e possuem contatos”, explica.

Para Sallaberry, “monitorar os lobos solitários no Brasil é hoje a principal ação da unidade de prevenção ao terrorismo da Abin. Não existe algo mais prioritário do que identificar e monitorar lobos solitários que estão hospedados no país”.

Segundo ele, durante a Copa do Mundo de 2014, a agência identificou ameaças e conseguiu impedir a ocorrência de ataques com apoio de policiais e militares.

“Nós tivemos, sim, ações de alguns entes que mencionaram que poderiam executar algum tipo de ação [durante a Copa]. E nós conseguimos detectar movimentações e planejamento em fase bem inicial. E com apoio dos órgãos de inteligência, das Forças Armadas, do Ministério da Justiça e de algumas secretarias estaduais de Segurança, conseguimos antecipadamente brecar este tipo de ação. Felizmente foram poucas, relata.

Lobos solitários na França
Preocupa também o diretor que “recrutadores” do Estado Islâmico assediem jovens brasileiros e também de pessoas, ligadas ou não a grupos terroristas, se afastarem do grupo de preocupações dos órgãos de inteligência com o objetivo de realizarem ações no futuro.

Foi o que aconteceu com os irmãos Kouachi, que invadiram a revista "Charlie Hebdo" em Paris e assassinaram 12 pessoas: apesar de terem sido treinados pela Al-Qaeda no Iêmen e conhecidos dos serviços de inteligência, estavam há alguns anos “afastados dos holofotes”, vivendo em uma região do interior do país, e “com um perfil bem baixo de atuação”, diz o diretor.

“É absolutamente impossível para qualquer país do mundo controlar todo mundo. A mesma coisa acontece no nosso país. Nós temos que ter cuidado não só com os grandes centros, mas estamos fazendo um trabalho nos centros menores para identificar se algum tipo de ator tem alguma atuação meio diferente que possa nos indicar a probabilidade maior de estar sendo planejado uma ação como esta”, diz Sallabery.

Para o diretor de contraterrorismo, os irmãos Kouachi são “lobos solitários”, pois fizeram o planejamento e a ação sozinhos. “O fato deles terem tido eventualmente contato com a Al-Qaeda está longe de dizer que foi a Al-Qaeda que planejou a ação, mesmo assumindo a paternidade. A Al-Qaeda está fraca hoje”.

Experiência em eventos
O fato do Brasil ter hospedado com seguranças grandes eventos, como a Rio+20, a Copa das Confederações, a Jornada Mundial da Juventude, a reunião dos líderes dos Brics em Fortaleza está “credenciando o país para credenciar paulatinamente no eixo de grandes eventos internacionais", entende Sallebery.

“O fato é que tivemos sucesso. Quando nós temos sucesso, a comunidade internacional entende que é um país pode continuar hospedando grandes eventos de todo o tipo. Quando mais evento eu hospedo, maior a possibilidade de uma ação como esta ocorrer”.

Fonte: G1

Redação

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