“O descontentamento na categoria é expressivo, já que por este critério não basta mais ser um bom profissional e desenvolver uma carreira com fidelidade à corporação em que se trabalha, mas sim conhecer as pessoas certas dentro do meio político para ser promovido. Este sistema é descabido e a gente luta para mudar essas coisas. Veja que vários policiais tiveram que entrar com ações na Justiça por se julgarem preteridos no seu direto à promoção, o que é uma situação inaceitável e precisa ser corrigida”, enfatiza.
Para o presidente da Assof, governantes e parlamentares se acomodam e acabam conduzindo uma questão tão importante para as corporações da Policia Militar e do Corpo de Bombeiros de forma distorcida e em benefício próprio, já que um policial que aplica o rigor da lei contra um gestor público de qualquer nível acaba pressionado e corre o risco de não ser promovido na época certa e até mesmo transferido para o interior do estado, simplesmente por atuar contra o interesse de um político com influência dentro da estrutura do Governo do Estado.
O major ainda lembra que esse desajuste teve seu caso mais emblemático no episódio da promoção do coronel Eumar Novacki, que conquistou amplos espaços políticos durante a administração do então governador Blairo Maggi. Ao invés de atuar em benefício de toda a categoria dos oficiais, Novacki teria trabalhado pelos interesses apenas de um pequeno grupo que se articulava em torno dele.
“Não podemos permitir que nossas promoções percam o caráter de carreira e passem a ser orientadas pelo caráter da política. Antes, eram observadas questões objetivas para a promoção, como a atuação do oficial em favor da redução de índice de criminalidade, seus estudos, sua assiduidade, sua aplicação”, observa o presidente.
Tudo isso tinha um peso na promoção, ainda de acordo com o oficial, que ainda relata que com a mudança na lei, ficaram estabelecidos cinco policiais promovidos por mérito e apenas um por antiguidade. “Os promovidos por decisão política acabam sendo em número muito maior, o que desmotiva toda a Polícia Militar. Eu mesmo sou um exemplo disso: a minha promoção de capitão para major demorou oito anos para acontecer, enquanto o normal seriam quatro”, relata o major Wanderson que, ao recorrer à Justiça questionando os critérios adotados durante a administração do então governador Blairo Maggi, acabou tendo que enfrentar uma remoção para posto de trabalho no interior após ter reagido em defesa dos critérios tradicionais de promoção.