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Assassino guardava chaves de vítimas como troféus

Preso pelo assassinato de três garotas de programa – duas mulheres e uma transexual – e pela tentativa de homicídio de uma quarta pessoa, o personal trainer Alexandre Lopes de Padua Arcenio guardava chaves dos apartamentos de suas vítimas como troféus. É o que afirma ao iG a delegada responsável pela investigação do caso, Dra. Ana Cláudia Machado, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil do Paraná.

Arcenio, de 31 anos, foi preso pela polícia em sua residência na cidade de Curitiba, na última segunda-feira (27). Ele confirmou ter aplicado golpes de "mata-leão" – prática do jiu-jitsu que, com o uso do antebraço, consiste em agarrar o pescoço da vítima por trás e estrangulá-la – nas garotas de programa, mas afirmou que seu objetivo era apenas fazê-las desmaiarem para conseguir furtar seus pertences, devido ao fato de estar passando por dificuldades financeiras.

"Por mais que ele negue a intenção de matar, não acreditamos nessa negativa. Para a investigação, o Alexandre é um serial killer tradicional, com táticas específicas de caça às vítimas e de execução", diz a delegada Ana Cláudia Machado. "Ele afirmou no interrogatório que chegava a vomitar quando se recordava dos crimes. Mas, se realmente houvesse esse arrependimento, ele teria parado com isso. Agora investigamos se o Alexandre está envolvido em outros crimes."

Corpo em decomposição
A investigação do caso começou no último dia 16 de março, quando uma transexual identificada apenas como Taís, de 28 anos, foi encontrada morta em um apartamento no bairro Bigorrilho, localizado na região centro-oeste de Curitiba. O corpo, já em estado de putrefação, estava nu sobre uma cama, com pés e mãos amarrados.

Dias depois, em 21 de março, uma garota de programa identificada como Jaqueline, de 42 anos, foi encontrada morta em cena de crime semelhante, estirada nua sobre a cama de um apartamento na região central da cidade. Todos os casos aconteceram nas residências usadas pelas profissionais para encontros sexuais com seus clientes.

"A tática era sempre a mesma. Ele procurava as vítimas pelo Google, por meio de anúncios de garotas de programa e transexuais, e marcava os encontros", explica a delegada. "Devido à profissão delas, Alexandre tinha conhecimento de que essas pessoas guardavam dinheiro em casa. Então, além de satisfazer seu prazer por matar, ele ainda conseguia, como uma espécie de bônus, objetos de valor e dinheiro."

Mas somente quando foi encontrada a terceira vítima a polícia realmente passou a ligar os pontos entre os crimes. Devido ao estado avançado de decomposição da primeira assassinada, morta cinco dias antes de o corpo ser encontrado, a perícia sequer identificou o motivo da morte, que passou a ser investigada. A segunda deu pista para a ligação entre os casos.

No entanto, apenas quando uma garota de programa identificada como Mel, de 36 anos, teve seu corpo encontrado, em 19 de abril, que a polícia passou a trabalhar com a hipótese de o responsável pelos crimes ser um assassino em série. Mais uma vez, a vítima foi achada nua, na cama do apartamento em que realizava programas sexuais. Em volta de seu pescoço havia uma toalha, ilustrando uma nova prática do assassino, filmado por câmeras de segurança nas proximidades de onde o assassinato ocorreu.

"Ficou claro nas imagens que ele usava a camiseta de uma das academias em que dava aula e não demorou para encontrarmos a foto de uma pessoa que trabalhava no local e vermos sua semelhança com o Alexandre", conta a delegada. "Quando realizamos as buscas na casa dele encontramos celulares das vítimas, documentos, cordas para estrangulamento e as chaves dos apartamentos onde elas trabalhavam, que ele guardava como troféus."

O modus operandi de Alexandre ficou mais claro após uma outra vítima, uma transexual identificada como Camilly, de 22 anos, ter feito denúncia contra o personal trainer um dia após ele ser identificado pelos investigadores.

Afirmando ter combinado o encontro por meio do aplicativo de celular Whatsapp, a garota de programa disse que Alexandre se mostrou carinhoso ao longo de toda a noite, com diversos elogios, e acabou sendo surpreendida quando, após lhe dar um beijo na bochecha, ele lhe aplicou um mata-leão no pescoço – frieza que reforça a tese de serial killer abraçada pela investigação. Camilly identificou imediatamente o agressor, que, assim como nos outros casos, não lhe deu chance de reação.

"Quando ele pegava as vítimas, elas estavam totalmente indefesas, em alguns casos já amarradas. Revolta a forma fria como ele nos contou todas as práticas", afirma a delegada. Ana Cláudia também investiga o envolvimento de Alexandre em outras mortes e até a possibilidade de seu diploma de Educação Física ter sido falsificado.

"Ele tinha uma vida dupla: emprego e namorada durante o dia e encontros com prostitutas, encerrados por assassinatos, à noite", diz a delegada. "Todos os indícios mostram que foram mortes violentas, frias, com as vítimas estranguladas, com sangramento nasal. Talvez os furtos fossem a forma encontrada por ele mesmo para justificar seus crimes."

Os sobrenomes das vítimas não foram divulgados para preservar suas famílias.

Fonte: iG

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