Opinião

As madames de João Gilberto

“O tempo passa, o tempo voa; e a poupança Bamerindus continua numa boa…”

Esse jingle, que se tornou um clássico da propaganda no início da década de 1990, sempre me vem à cabeça quando analiso a situação política do país.
A pouco tempo, a classe média e média alta saíram às ruas de camiseta verde amarela pedindo mudanças e a saída da presidenta Dilma, do PT.
Travou-se uma verdadeira guerrilha nas redes sociais e nas rodas de bate-papo. O motivo apresentado era a crise econômica, que em todo mundo é cíclica desde os primórdios. Quem leu “Ascensão e queda das grandes potências”, dispensa maiores detalhes.
Mas a grande realidade, é que o verdadeiro motivo era uma tremenda dor de cotovelo pela derrota do candidato Aécio Neves, do PSDB.
Bateram panelas, agrediram física e verbalmente quem discordava, acabaram amizades e até casamentos. Os indignados foram apelidados de “coxinhas”, numa alusão ao fato de serem predominantemente ricos. Eu nunca gostei desse apelido, sempre achei “sem gracinha”. Coxinha tá mais para playboy eleitor do Bolsonaro.
Esses “coxinhas”, na verdade, foram e são a “Madame de João Gilberto”.
Para quem não lembra ou nunca ouviu, ela começa dizendo que “Madame” diz que a raça não melhora, que a vida piora por causa do samba. Madame diz que o samba tem pecado e que o samba, coitado, devia acabar.
E vai além: “…Madame diz que o samba tem cachaça, mistura de raça e mistura de cor, que é democrata, música barata sem nenhum valor e vive dizendo que é vexame…”
Nada mais atual para definir o que estamos passando neste momento, cai como uma luva. As “madames de João Gilberto” criaram vários movimentos contra os políticos. Embriagados por parte da mídia, MPF e Sérgio Moro, perderam a vergonha e a razão. Digo isso em função de que é necessário o mínimo de coerência na vida. Na política, coerência devia ser lei, clausula pétrea da Constituição. Se não tem coerência não tem vergonha e se perde a razão.
No fundo, o que as “madames” queriam era que tudo continuasse como antes, dai o uso da panela, afinal de contas; panela velha é que faz comida boa….
João Gilberto encerra cantando: “…No carnaval que vem também concorro, o meu bloco de morro vai cantar ópera e na avenida, entre mil apertos, vocês vão ver gente cantando concerto…”
Assim, como nesse clássico da música brasileira, os simpatizantes e membros desses movimentos “tem um parafuso a menos, só fala veneno, meu Deus que horror”.
Quando eles baterem na porta de sua casa pedindo voto, lembre-se de outro clássico da propaganda e grite a plenos pulmões:” não adianta bater, que eu não deixo você entrar.”  O samba brasileiro democrata, brasileiro na batata é que tem valor. 
Então, pra que discutir com Madame?

Rodrigo Rodrigues, empresário, jornalista e graduado em gestão pública.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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