Opinião

AS LIÇÕES QUE O VALE DO SILÍCIO PODE ENSINAR AO BRASIL

Por motivos políticos, sociais, econômicos, o Brasil amarga uma das piores crises de sua história. Por razões que fogem à minha compreensão – talvez porque nunca consiga entender como o país ilustrado na capa do The Economist como potência econômica mundial em 2009 viva este cenário em 2016 – o Brasil, representando por seus trabalhadores, entidades, lideranças e autoridades, luta para encontrar uma solução. Luta para sobreviver.

Inquieta devido a todos estes questionamentos, como brasileira, profissional, mulher e cidadã, decidi ser proativa na busca por respostas que possam se transformar em soluções. Por este motivo, participei do Seminário Global de Empreendedorismo, realizado no final do mês de junho no renomado Vale do Silício, o berço de inovação que desenvolveu empresas como Google, Facebook, Instagram, Dell, Yahoo, entre outras.

O evento, que reúne empreendedores globais para abordar projetos, tecnologias e ferramentas de suporte ao desenvolvimento empresarial, foi criado em 2010 pelo Obama e nesta edição institucionalizado pelo governo americano. O encontro tem por objetivo conectar empreendedores aos investidores e aos recursos do governo americano para fomentar iniciativas que tenham impacto social, ou seja, oferecer capital aos empreendedores que sonham em transformar o mundo.

Uma reunião de mentes brilhantes, posso sem exageros descrever. Uma oportunidade de ouvir sobre tendências – como por exemplo, a de que o avanço na equalidade feminina pode adicionar $12 trilhões ao crescimento global, ou a de que em 2020 mais de 90% da população terá acesso à smartphones com a idade de 6 anos – mas também, um momento de otimismo pela compreensão do poder do empreendedorismo.

Sempre acreditei que ser empreendedor no Brasil é uma loucura. Vi de perto famílias falindo, casamentos desmoronando, sociedades em intermináveis brigas judiciais, amigos desistindo do sonho do negócio próprio. Estou reconsiderando. Percebo o empreendedorismo como o catalisador do fomento econômico que o Brasil tanto necessita, desde que esteja focado na criação de soluções sustentáveis para problemas comuns, como transporte, educação, segurança, entre outros. Desde que sejamos capazes de, enquanto sociedade, cooperarmos para a construção de um ambiente saudável para o desenvolvimento de novos negócios.

Parece romântico, ingênuo, mas é essencialmente objetivo e sustentável, uma das melhores lições aprendidas com as mentes do Vale do Silício, uma das soluções mais inspiradoras que encontrei até o momento para os dilemas brasileiros.

Em seu discurso, Obama tornou evidente um dos motivos pelos quais os Estados Unidos são uma das maiores economias do mundo.

“No mundo de hoje, onde as economias estão sofrendo mudanças dramáticas, onde os negócios não param nas fronteiras geográficas, onde a tecnologia e automação transformaram praticamente todos os setores e mudou a forma como as pessoas se organizam e trabalham, empreendedorismo continua a ser o motor do crescimento. Essa capacidade de transformar uma idéia em realidade – um novo empreendimento, uma pequena empresa – que cria postos de trabalho bem remunerados; que coloca economias emergentes no caminho para a prosperidade e capacita as pessoas para se unir e enfrentar os nossos problemas globais mais prementes, da mudança climática à pobreza.”

Temos mesmo muito a aprender.

Simone Ponce é Relações Públicas pela UFPR, especialista em Gestão de Projetos pela PUC e atualmente cursa o programa de mestrado em Marketing Internacional em San Francisco, CA. Especialista em comunicação estratégica com dez anos de experiência no mercado, já conquistou 3 prêmios nacionais e tem em seu currículo passagens pelo Grupo Positivo, FIFA e Organização Internacional do Trabalho. E-mail: simoneaaponce@gmail.com. LinkedIn: simoneponce.

Simone Ponce

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Simone Ponce é Relações Públicas pela UFPR, especialista em Gestão de Projetos pela PUC e atualmente cursa o programa de mestrado em Marketing Internacional em San Francisco, CA.

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