A lei de Murphy diz que quando algo poderá dar errado, dará!
Já a lei de Millôr Fernandes, diz que de onde você menos espera é de onde você não pode esperar nada mesmo!
Nessa semana, o ex-prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes, engrossou o tom das críticas em relação à gestão de Pedro Taques. Esperneou e esbravejou dizendo que não é nenhum traidor e que tem todo o direito de se candidatar ao governo, mesmo que contra o atual governador. Óbvio que Mauro Mendes, assim como eu ou você que está lendo este artigo, que se enquadra nos pré-requisitos, pode ser candidato ao governo sim! Já quanto à pecha de traidor eu discordo. Tenho uma outra opinião sobre isso!
Particularmente, tenho uma grande simpatia pelo ex-prefeito, acho ele uma pessoa do bem, sempre tivemos um tratamento respeitável e tenho até uma certa admiração por ele como empresário. Conseguiu se destacar, em determinado momento, em uma área estratégica e muito disputada, a de antena de celular. Mas, como gestor de Cuiabá, foi de médio para baixo. Apoiou a eleição de Pedro Taques ao governo e, durante três anos, se omitiu. Raras vezes em que ele se manifestava, era para elogiar o atual governo, inclusive, ele indicou várias pessoas de sua confiança para compor o governo. Ele bobeou no momento. Ou como os bacaninhas da FIEMT gostam de dizer, perdeu o timming. Agora, que é um governo em frangalhos, ladeira abaixo, como bom companheiro, Mendes deve agarrar na alça do caixão e deve acompanhar o enterro até o final. Qualquer coisa em contrário, parecerá oportunismo e traição.
Voltando à tese do engenheiro espacial, Edward Murphy, em pleno sábado de Carnaval, surge um áudio, com uma foto de uma colheitadeira em cima de um caminhão, creditado ao vice-governador Carlos Fávaro, esbravejando e destilando raivosas críticas ao governo do qual faz parte.
Claro, que se comparando com Mauro Mendes, esse Carlos Fávaro não representa nada na ordem política e social do estado. Ao invés de aproveitar o Carnaval e vestir uma fantasia de Carmem Miranda, com uma melancia pendurada no pescoço e ir para a Orla do Porto chamar a atenção, optou por fazer média com meia dúzia de produtores rurais em cima do desgaste do atual governador.
Obviamente, que deve ter a participação mais uma meia dúzia que lhe incentivou a fazer isso, visando a possibilidade da repercussão, colocar seu nome como um possível sucessor de Pedro Taques.
Não sei quem é o Pink e não sei quem é o Cérebro. O tiro saiu pela culatra. Essa patetada de oportunismo barato, serviu apenas para que nós tivéssemos o mínimo de conhecimento de quem é esse morfético vice do Pedro Taques. Isso é um tipo de traição vil e covarde. Se bem que ninguém nunca esperou nada do senhor Fávaro. Foi Secretário de Estado de Meio Ambiente e não produziu nada de relevante, um verdadeiro fiasco.
Bom, se o vice não representa nada no contexto político, e sabemos que o cargo de vice é uma mera figuração, ainda mais se tratando desse sujeito, claro que estou me referindo à regra, pois houve vices que já assumiram o poder e fizeram grande diferença nesse país – isso é a exceção. E voltando a regra, esse passou três anos sentado no banco, não indo sequer para o aquecimento, e finalizará o último ano sem pisar no gramado. Para que então, perder tempo escrevendo sobre esse sujeito?
Para nos lembrar que ele é uma bandeira fincada no Paiaguás, que representa um grupo de pseudo-políticos-empresários ou pseudo-empresários-políticos, que há dezesseis anos, implantou um modelo de gestão excludente, que volta toda a sua energia e políticas públicas para atender um só segmento, deixando de fora noventa por cento da população. Para ser mais claro, é como se Mato Grosso fosse uma prostituta que estivesse pagando para ser fodida. E, como não poderia ser diferente, numa inversão da lógica, enriquecesse os poucos e felizardos clientes seus. Levando à falência a própria senhora de "vida fácil”, a cafetinagem e todos aqueles que não fazem parte da sua seleta e privilegiada clientela, que fica literalmente "na mão”, ou seja, a maioria absoluta dos mato-grossenses. Este modelo foi inaugurado em primeiro de janeiro de 2003, tendo na cabeça Blairo Maggi, que elegeu Silval Barbosa, condicionando a manutenção desse sistema pervertido. Na sequência, elegeram Pedro Taques, que além de manter, até ampliou o modelo.
O alerta é que a reeleição de Pedro Taques, é a continuidade do que está aí. E, uma possível candidatura de Mauro Mendes, seria uma continuidade melhorada ou menos pior que a atual.
Já o vice, o Fávaro, que se assanha, seria uma continuidade piorada.
Então, o próximo governador, tem que ser alguém com capacidade, não só de derrotar Pedro Taques e o plano B e o plano C deste grupo, mas de expurgar, dar um basta, a esse abuso, a esse estupro, que vem ocorrendo em Mato Grosso há quase duas décadas.
O que podemos tirar de proveito desse áudio, é que ele sintetiza muito bem o pensamento desse grupo que está no poder, ou seja, às favas as escolas, às favas a saúde, às favas a segurança pública.
Esse negócio de gente morrendo em porta de hospital, de violência desenfreada, salários atrasados, tudo isso é bobagem, crime mesmo e hediondo, é multar um produtor rural por sonegação ou por não ter a devida autorização de transporte. Imagina então, se falar em acabar com bolsa família dos milionários – "incentivos fiscais” – , ai teremos a pena de morte.
Como disse recentemente o Ministro do STF, Gilmar Mendes, que mandou às favas a modéstia: “não dá para bater palma para maluco dançar”.
Às favas os Fávaros e esse modelo indecoroso e repleto de sevícias!
Rodrigo Rodrigues, jornalista e gestor público.