Opinião

ARTE URBANA: QUEM DECIDE É A POLICIA?

Neste momento de plena decepção diante das obras inacabadas e da péssima conclusão de outras,  com certeza uma pesquisa daria saldo positivo para a industria criativa. Esta industria  que menos ganhou em toda a historia das gestões políticas em nosso Estado e aquela que criou identidade, respeito com nossas linguagens e delicadeza desde que MATO GROSSO foi inventado nos registros burocráticos.  Se existe uma industria que menos recebeu e mais levantou esta região e seus habitantes, foi, é  e será sempre a industria criativa com sua economia improvisada nas migalhas.   

No meio desse improviso barato, ha quem entenda os policiais  levando os artistas Simone Ishizuka, André Gorayeb e André Eduardo de Andrade para a cadeia como corretos pois não ha como verificar o que pode e o que não pode ser feito nas paredes de nossa cidade. Houve uma enorme confusão nesta apreensão na Trincheira SANTA ROSA. Entre boas e más intenções o que prevaleceu foi a falta de comunicação, xingamento e o trato de profissionais como  vagabundos drogados.  Vejo com tristeza artistas sendo levados para cadeia confundido por vândalos na mesma semana em que o Governo corajosamente aplaude as obras de artistas como JEAN SIQUEIRA E ANDRE GORAYEB ( dois grandes profissionais da nossa arte urbana que ja haviam pintado outra trincheira).  

O que deve ser feito a partir de agora?

Ha uma fina linha entre o vandalismo e  o grafite na arte urbana. Quem deve decidir o que? Como os artistas devem  lidar com a permissão para pintar nas ruas? Na ultima DOCUMENTA na ALEMANHA e em bienais de São Paulo, performances com grafite pela cidade levantaram sérios dilemas sobre estas perguntas.  O sistema de transporte na Alemanha gasta hoje milhões para apagar grafite nos transportes públicos. Os impasses acontecem porque  muitas áreas acabam crescendo o turismo inclusive porque turistas visitam algumas áreas exatamente para verem as imagens. 

Em Mato Grosso o que eu sugiro é que haja o mais rápido possível um recrutamento, cachê dos artistas e curadoria profissional  para áreas especificas. É fundamental a CURADORIA DECIDINDO porque nem todos que aqui grafitam sabem o que fazem.  Vele observar as pinturas na lateral do IFMT na RUA MARECHAL DEODORO, ali alguns artistas imprimiram grafites e imagens que obviamente melhoraram a secura do paredão branco. Porem ali na mesma parede dando seqüência, pixadores conseguiram interferir nas obras com bobagens. Gosto se discute, é fundamental um curador escolhendo, decidindo: isso sim, isso não. E esse gosto deve ser respeitado. 

Deixar a cidade sem esse parâmetro, sem uma lista de grafiteiros credenciados, sem comunicação somente possibilita o que aconteceu na semana passada. Policiais tendo que lidar com artistas como vândalos. Um absurdo., um retrato de uma falta de plano artístico e cultural para uma capital escangalhada pela corrupção, abandonada urbanamente  com sérios problemas nas estruturas essenciais e agora lidando com a ignorância diante do lúdico na área construída com nosso dinheiro.

Os artistas devem ser liberados, o material de serviço,  as tintas também. Haverá uma forte manifestação na imprensa caso mais essa injustiça seja feita com o material de trabalho. A curto prazo o governo e a prefeitura precisam encarar de frente o que já deveria estar decidido ha meses: um plano artístico-cultural  para nossa cidade. Não querer fazer isso não impede que os artistas trabalhem. 

Luiz Marchetti

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Luiz Marchetti é cineasta cuiabano, mestre em design em arte midia, atuante na cultura de Mato Grosso e é careca.

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