Política

Arquiteto diz que intermediou venda de terreno para ex-secretário Zilio

O arquiteto José da Costa Marques, delator do esquema de fraudes no governo Silval Barbosa (PMDB) confirmou em depoimento à Justiça que intermediou negociações entre o ex-secretário César Zilio e vendedores de imóveis em Cuiabá, um deles vendido por R$ 13 milhões. Ele disse que foi procurado pelo ex-gestor para montar o projeto de identificação do terreno, que foi repassado a um comprador desconhecido pela empresa de imobiliária responsável pela transferência.

"E aí surgiu a área que é essa da Avenida Beira Rio e, depois de definida essa área, o Cesar Zílio explicou que, por ser gestor público, disse que não poderia figurar o seu nome na área", contou.

O arquiteto foi ouvido pela juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Santos Arruda, como investigado na segunda fase da Operação Sodoma, deflagrada em fevereiro deste ano pela Delegacia de Fazenda (Defaz).

Costa Marques disse que recebeu R$ 3 milhões do Zilio como pagamento pela intermediação da transação do terreno. O dinheiro teria sido entregue a ele pessoalmente por César Zilio. Depois disso, o montante teria sido divido dentre os vendedores que participaram da negociação.

"Ele [Zilio] foi sozinho ao meu escritório, o dinheiro estava numa caixa. Eu não tinha motivo nenhum pra suspeitar do seu César, eu construí a casa dele. Era bom pai de família, apresentava boa relação com a esposa, com os filhos, não suspeitei que fosse qualquer dinheiro ilícito, pois era venda de gado. Já estava acordado que os valores eram provenientes de venda de gado", contou.

O pagamento dos R$ 13 milhões pelo terreno teria sido feito com 35 cheques da empresa de empréstimo Consignum, outra investigada na segunda fase da Sodoma e manteve contrato de serviço com o governo até a semana passada, quando, por força de decisão do Tribunal de Contas do Estado (TCE), a Secretaria de Gestão (Seges) suspendeu o contrato.

Costa Marques não confirmou que os 35 correspondem aos R$ 13 milhões negociados pelo terreno e disse ter cópias de cada folha. Cheques em nome de outras empresas também teriam entrado na negociação.  O arquiteto disse também que a forma de pagamento foi alterada no início da transação. O acordo era que o montante fosse pago em três parcelas, no entanto, esse valor foi fracionado várias parcelas menores.

Três contratos teriam sido elaborados para a realização da venda. No primeiro, a área era repassada para os vendedores que participaram do negócio; no segundo, o pai do ex-secretário, Antelmo Zilio, morto, e no terceiro, a posse se estendia para a empresa Matrix e o empresário Willians Paulo Mischur, dono da Consignum.

"O terceiro contrato foi feito porque o Cesar Zílio disse que o pai não tinha como justificar a compra do terreno. O terreno não foi escriturado porque tinha despesas”.

Em março deste ano, o ex-secretário admitiu em depoimento ao Ministério Público do Estado (MPE) que tinha falsificado documentos de seu pai, já morto, para conseguir despistar a origem do dinheiro utilizado para a compra do terreno.

Reinaldo Fernandes

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