Foto: Ahmad Jarrah / Circuito MT
Com o investimento de R$ 600 milhões e pouco mais de ano de sua inauguração, a Arena Pantanal ainda não conseguiu uma gestão autossustentável. Atualmente o estádio mato-grossense consome por mês a cifra de R$ 700 mil, com gastos de iluminação e manutenção em geral. Dinheiro que sai dos cofres públicos, já que a administração do local está por conta da Secretaria de Cidades de Mato Grosso (Secid).
Tendo abrigado aproximadamente 60 jogos este ano, o estádio mato-grossense não arrecada nem 15% do valor com a renda das bilheterias. “A Arena vive de futebol? Mas nem pensar! Ela precisa entrar no circuito nacional de grandes shows, precisa sediar jogos de grandes times da série A”, explica o secretário de cidades Eduardo Chiletto.
Oito meses depois que assumiu o governo, Chiletto disse, durante entrevista exclusiva ao Jornal circuito Mato Grosso, que a secretaria ainda estuda meios de transformar a Arena em um espaço que se banque, sem que seja necessário gastar dinheiro público. “Hoje não cobramos nada para um time sediar jogos no estádio. Pois é muito mais fácil manter a ‘casa’ mais arrumada enquanto se tem morador, do que uma ‘casa abandonada’. Pedimos apenas aos promotores do evento que entreguem a arena limpa”, pontuou o secretario.
O local é bem utilizado pela comunidade para caminhadas e outras atividades físicas e de lazer, mas um grande questionamento é a necessidade do investimento e custos de manutenção para um equipamento desse porte, quando o local poderia – tendo em vista que tem sido essa sua atual utilização – ser apenas um parque. Dessa maneira as cifras milionárias teriam sido drasticamente reduzidas.
O estádio mato-grossense foi uma das 12 sedes da Copa do Mundo de 2014 e recebeu oito equipes em quatro jogos em junho do mesmo ano. Contudo foi entregue às pressas e em fase de conclusão. Na parte externa, segundo informação do secretário, quatro demandas serão priorizadas: a reforma e manutenção dos banheiros, a limpeza da área usada pelos moradores como pista de corrida/caminhada e outros esportes, instalação de bebedouros no local e o reforço do policiamento para evitar aglomeração de usuários de drogas, depredações do patrimônio e roubos/furtos na região.
Outra questão que também está na agenda do secretário é a regularização dos ambulantes que vendem alimentos, alugam bicicletas e demais ambulantes que se instalaram no local sem uma regulamentação adequada. “Precisamos pôr ordem naquele lugar. Começou meio tímido, mas hoje já tem inúmeros ambulantes no local. Os vendedores devem ser realocados nos quiosques que foram construídos com essa finalidade e que hoje estão fechados ou servindo de esconderijo de marginais”, informou Chiletto.
Contudo há também reformas e ações emergenciais que precisam, conforme Chiletto apontou, ser resolvidas o mais rápido possível. “Há vários vândalos que precisam ser afastados. Eles quebraram os vidros e aquilo [os vidros] pode cair em cima de alguém e machucar os frequentadores do entorno. Uma parceria com o secretário de segurança Mauro Zaque irá reforçar o efetivo no local e fazer um patrulhamento ostensivo. Vamos evitar a depredação, o uso de drogas. Vamos consertar o que já foi quebrado e manter antes que algo de ruim aconteça”, disse.
Parte interna
A parte interna passa a ser responsabilidade da Secid também, já que o gramado estava sendo cuidado pela Federação Mato-grossense de Futebol (FMF). Jardinagem, segurança e limpeza do espaço que pode servir para jogos de futebol e também shows e megaeventos. “Eu e minha equipe fomos até Brasília para ver o modelo de gestão do estádio Mané Garrincha que é administrado pelo poder público. Em breve, incluiremos o estádio no circuito nacional de shows para podermos arrecadar o montante para tornar a Arena rentável”, comentou o secretário. Contudo, questionado se já há algum show ou grande jogo agendado, Chiletto disse que não há nada certo ainda.
Outro problema encontrado na área interna são os banheiros do local, que vão precisar passar por uma reforma no encanamento já que foi encontrado concreto nas tubulações. “Parece brincadeira, mas nós encontramos os encanamentos cheios de cimento. Colocado por algum funcionário insatisfeito”, apontou.
Lago da Arena
Após aparecer em rede nacional com uma matéria que denunciava o minilago que o entorno da Arena possui, que estaria servindo de criadouro do mosquito da dengue, o secretário disse que ficou chateado com a notícia. “Eu estava em Brasília lutando por recursos para Mato Grosso, quando recebi a notícia no Jornal Nacional. Eu fiquei extremamente chateado, pois eu sabia que não tinha larvas do mosquito no lugar. Já que lá tem girino e libélulas e esses bichos comem os ovos e larvas do mosquito”, reclamou Chiletto. O secretário afirmou ainda que prefere deixar o lugar como está. “Deixa como está! Sugeriram colocar peixes no lago, mas vamos ter que oxigenar a água e comprar ração. Então para evitar outro gasto e mais trabalho preferimos manter o lago do jeito que foi criado”, comentou.
Arena Pantanal
A capacidade do estádio mato-grossense é de aproximadamente 43 mil pessoas, com possibilidade de redução para 20 mil lugares (pois os assentos foram pré-moldados para essa concepção). O investimento total na construção da obra foi orçado em R$ 454,2 milhões, incluindo já a parte de tecnologia de informação, assentos e obras do entorno do estádio. Porém, as atuais medições por parte dos governos estadual e federal chegaram à casa dos R$ 600 milhões.
O estádio foi reinaugurado (antigo Verdão) em 2 de abril de 2014 com o jogo entre o Mixto e o Santos pela Copa do Brasil e um público de 17 mil pessoas ficou sem ver gols na partida. Quando a Arena Pantanal completou um ano em abril de 2015, havia recebido 41 jogos, com 99 gols marcados, e partidas das quatro divisões do Campeonato Brasileiro, Copa do Mundo, Copa do Brasil, Copa Verde, Campeonato Mato-grossense e um amistoso da seleção sub-23.
O público acumulado foi de 359 mil e 769 espectadores (abaixo dos 550 mil que são a população total de Cuiabá). Durante o Campeonato Mato-grossense de 2015, que viu o retorno das rodadas duplas, a média de público foi de apenas 879 pessoas.
Confira detalhes da reportagem do Jornal Circuito Mato Grosso