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Após sucesso do 1° livro, Kéfera Buchmann prepara o 2º livro

Kéfera Buchmann é a brasileira com o maior número de seguidores no YouTube. São 6,1 milhões de pessoas que se inscreveram para assistir aos vídeos da curitibana de 22 anos no canal 5incominutos. Criada em julho de 2010, a página tem mais de 200 vídeos e 478 milhões de visualizações.

Ela também é atriz, em cartaz na peça "Deixa eu te contar", e lançou em agosto seu primeiro livro, "Muito mais que 5inco minutos" (editora Paralela).
Nele, ela conta sua história pré-fama. "Não quero passar nenhuma mensagem. Não é um livro de autoajuda. As pessoas apenas vão se identificar com algumas situações", diz Kéfera, em conversa por telefone.

Lançado na Bienal do Rio, em evento com milhares de jovens e muita histeria, o livro virou o maior best-seller da feira. De acordo com o PublishNews, que monitora o mercado de livros, foi o sétimo mais vendido do ano até o momento. No Twitter, o escritor Paulo Coelho trocou mensagens "fofas" com Kéfera. "É uma pessoa que conhece o que está falando. Agora ele está me seguindo lá nas redes", conta.

– Seu livro foi o best-seller da Bienal. Você esperava sucesso fora do YouTube?
Kéfera Buchmann – O livro é um outro tipo de veículo. Posso estar falando bobagem, mas é uma coisa mais que os nossos pais estavam acostumados. Hoje em dia a gente está pronto para ter informação digital. A gente baixa livro no iPad, lê coisa que procura no Google. Eu esperava que o livro fosse vender bem. Estava com fé porque, como tem bastante gente seguindo e ansiosa para o livro. Mas não sabia que ia virar best-seller. Isso me assustou positivamente. Fiquei meio chocada com o poder que a venda do livro teve.

– Você diz que escreveu o livro porque as pessoas se interessam pela sua vida. Que tipo de recado você quer passar com a sua história?
Kéfera – O livro conta coisas pessoais que eu não tinha falado nos vídeos. Então é meio que um jeito de contar histórias dando opiniões pessoais em relação à determinada situação. Não quero passar recado. Não é um livro de autoajuda. As pessoas apenas vão se identificar com algumas situações. Pode não ser a mesma situação, mas o que elas vão sentir vai ser a mesma coisa. Então eu falo desde a infância. Comento nada sobre quando cheguei no YouTube. Isso eu deixei para um segundo livro. Muita gente acha que vou falar do canal e dos vídeos, e não. É total antes do YouTube.

– Já pensa no segundo livro?
Kéfera – Sim, já temos planos, ideias para o segundo. Já comecei a escrever. E daí sim vai ser um livro onde eu vou falar depois do YouTube o que aconteceu. Vai ser um livro para, se você quiser começar um canal, ter como uma boa base para você ler e ter uma noção do que acontece mais ou menos hoje no YouTube. Vai sair no ano que vem com certeza.

– O Paulo Coelho te elogiou no Twitter, dizendo 'há algo de novo na literatura finalmente'. O que isso significa pra você?
Kéfera – A minha mãe meio que me apresentou o Paulo Coelho. Os livros dele. Para mim, foi uma honra. Quando isso aconteceu, eu saí gritando com ela no telefone: 'Mãe, você não sabe quem falou de mim, o Paulo Coelho'. Ele foi um fofo comigo. Ele pra mim é um mestre. Ele é um cara que tem o maior número de títulos traduzidos pelo mundo né. Então a gente vê que não é uma pessoa que veio te elogiar. É uma pessoa que conhece o que está falando. Agora ele está me seguindo lá nas redes.

 – Vocês trocaram DMs [direct messages]?
Kéfera – Sim, ele me falou que eu não preciso explicar o meu sucesso. 'Não se importe se você ler críticas. Desconsidere essas coisas'. Ele foi super assim mais mestre do que eu já achava. Eu respondi pra ele que, como eu estou na internet faz cinco anos, a internet não tem filtro. Quando a gente lê comentário, ele vem direto. Não tem como me importar com críticas ou não teria continuado. A internet foi um treinamento para qualquer outro trabalho que eu vá fazer. Cinema, livro, TV, qualquer coisa que vem crítica. Primeiro porque ninguém vai agradar todo mundo nunca. Não existe uma pessoa que seja unânime. Só adicionou no que eu já achava em relação à crítica, que é não dar bola, não ler, não se frustrar.

 – Soube que 5 editoras procuraram você para lançar o livro. Como foi essa abordagem? Por que você escolheu publicar pela Paralela, da Companhia das Letras?
Kéfera – Pela negociação, a Companhia das Letras pareceu que valia mais a pena pra mim, de acordo com tudo o que eles me ofereceram. Obviamente a parte financeira também. Mas é verdade que várias editoras grandes vieram me procurar, até mesmo depois de assinar contrato com a Companhia das Letras. Já estavam me procurando há alguns anos e eu já tinha a vontade de escrever um livro, mas só agora foquei.

 – E foi difícil escrever o livro? Você deu uma travada ou fluiu?
Kéfera – Como eu não estou narrando uma história, não passei por nenhum bloqueio criativo. No sentido de 'putz, e agora o que vai acontecer com esses personagens?'. Como estava falando de mim mesma, era mais fácil teoricamente. O único bloqueio que eu tinha era de como seria a construção do texto. Eu sei o que quero contar e o que quero falar, mas como construir isso? Esse parágrafo vai falar sobre o quê? Quantas linhas eu dedico a isso? Será que eu posso usar determinada palavra? Teve todo esse cuidado, mas não tive dificuldade em repassar o que vivi. Mas fui eu que escrevi tudo. Não teve ninguém que ajudou.

 Como uma das mais famosas youtubers, é difícil manter mais que cinco minutos de fama? Como fazer para as pessoas não enjoarem de você?

Kéfera – O livro é meio que uma coisa eternizada porque é material. Eu não posso mais deletá-lo. Fica para sempre pra quem quiser guardar. O livro, então, ajudou a literalmente escrever uma história. Não só a minha história, mas a fazer parte da minha história. Com certeza no segundo livro vai ter essa informação de que virou best-seller, do número de vendas, do quanto foi legal. Vou continuar nessa linha de falar a minha opinião e expressar em texto o que eu não faço em vídeos. Mas todo mundo pergunta: 'o que você acha que eu tenho que fazer para ficar conhecido no YouTube?' ou 'qual você acha que é a fórmula?'. Acho que não tem nenhuma fórmula. Sendo mais mística, acho que tem o destino da pessoa estar na hora certa. E falando alguma coisa que o maior número de pessoas se identifique, temas que viralizam. Fiz um vídeo sobre celulite, por exemplo, coisa que toda mulher se identifica, passa por isso e entende a situação que eu narrei ali no vídeo. Tem que tentar buscar alguma coisa do senso comum.

 Há um preconceito com essa geração que acessa o YouTube em relação à leitura. O que você pensa sobre a literatura e essa nova geração de fãs e leitores?
Kéfera – Muitas pessoas falam: 'como uma pessoa da internet vira best-seller?'. É simples. Se uma pessoa tem vocação e talento para fazer mais de uma coisa, ela pode. Se eu escrevi um livro que cinco editoras me procuraram e virou best-seller, não é à toa. Não tem como fingir o sucesso. Se alguém chegou onde chegou, é por algum motivo. Alguma coisa ela acertou e fez direito. As pessoas ficam indignadas talvez por uma frustração pessoal. O importante é acreditar em você mesmo. Depende muito da determinação, da força de vontade e do foco que vai ter para sair do comum, no meu caso o YouTube, e se arriscar em coisas novas. Citando o mestre Paulo Coelho novamente, a literatura mudou. Você não vai aprender só lendo Machado de Assis, como eu cresci lendo. Você pode aprender uma maneira nova de escrever e ler o que te interessa ler. Lógico que essas obras têm seu valor, mas tem que estar aberto a mudanças e aceitar coisas novas. Tem espaço pra todo mundo.

Fonte: G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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