Interditado em 2015 pelo Juizado Especial do Torcedor de Cuiabá por falta de segurança, o Estádio Eurico Gaspar Dutra, o Dutrinha, será reaberto para receber partidas do futebol mato-grossense.
Mas a entrega oficial ainda será marcada no mês de dezembro pela Prefeitura.
“Os portões não têm divisão para a entrada separada das torcidas adversárias, os banheiros não atendem os requisitos básicos para o torcedor. Foi verificado, por exemplo, fogos de artifício e bebida alcoólica dentro do estádio. E ainda algumas obras que não foram finalizadas, onde foram observados objetos expostos, que podem ser usados como arma”, justificou a juíza Patrícia Ceni ao Globo Esporte, na época da interdição.
Em dezembro de 2018, parte do muro do estádio caiu por conta das fortes chuvas que atingiram a Capital.
Responsável por readequar o estádio, a Prefeitura de Cuiabá iniciou as obras em fevereiro de 2019 e gastou R$ 2 milhões, recurso do Município via Fonte 100.
A reforma elevou a capacidade de público do estádio, saltando de 7 mil para 7,5 mil lugares.
A reforma foi dividida em três etapas: a primeira foi de readequação do espaço com medidas de segurança e acessibilidade; a segunda compreendeu a iluminação e gramado; enquanto a última foi de construção do novo muro e modernização dos vestiários.
Conforme a Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer (Secel), as arquibancadas ganharam estruturas de contenção, o corredor de acesso do campo ao vestiário foi coberto, a área de entrada das torcidas e as arquibancadas foram separadas.
Além disso, a primeira parte da reforma também atribuiu um novo acesso ao estádio de jogadores e comissão técnica pela lateral.
Em abril de 2019 a Prefeitura deu início à segunda etapa com retirada do gramado para instalação do novo sistema de drenagem e irrigação. A grama também é padrão esmeralda agora.
Os postes também foram realocados pelo estádio e foi instala iluminação LED, o que custou R$ 600 mil do valor total da reforma.
Já o espaço de vestiários ganhou grama sintética, local para concentração e aquecimento, além de banheiros com chuveiros. Tudo isso já na fase final da reforma.
O muro também foi reerguido e a segunda arquibancada recebeu nova sustentação, assim como a bilheteria C e os banheiros e lanchonete ao lado também foram reformados.
Ainda segundo a Secel, uma das salas do estádio será transformada em Museu do Futebol para manter viva a história do Dutrinha e os atletas mato-grossenses.
“O nosso querido Dutrinha está pronto. Com muito orgulho digo que a obra mais significativa do Esporte em Cuiabá está finalizada. Gramado novo, estrutura reforçada, segurança para os torcedores e acessibilidade para todos”, declara o secretário de Cultura, Esporte e Turismo, Francisco Vuolo.
Patrimônio histórico
Inaugurado há 68 anos, o Dutrinha foi o segundo estádio de Cuiabá. O primeiro foi o Estádio do Comércio, aos fundos do Colégio Liceu Cuiabano.
Esse estádio foi feito pelo desportista Manoel Soares de Campos, que era pai do ex-governador Frederico Campos.
No entanto, em 1944, a construção do colégio acabou inviabilizando a realização de partidas no antigo palco do futebol cuiabano. Quase dez anos depois, em 1952, o Estádio Eurico Gaspar Dutra foi inaugurado.
Eram grandes as expectativas para a sua entrega. O próprio presidente Dutra seria o responsável pela aprovação do estádio, após inaugurar o Maracanã, em 1950. Porém, ao visitar as obras, o então presidente se decepcionou com o que encontrou e negou-se a ir à inauguração.
Apesar disso, o Dutrinha passou a ser o principal estádio do futebol de Mato Grosso até 1976, quando o Verdão foi inaugurado.
Pelo gramado do Dutrinha, desfilaram grandes craques, mas seu ápice aconteceu quando o Santos Pelé jogou contra o Mixto. A partida ocorreu em 1969 durante as festas em homenagem aos 250 anos da Capital.
A comoção foi tanta que o estádio não conseguiu comportar todo o público e muitos torcedores ficaram de fora. As pessoas chegaram até a subir em árvores e telhados para ver o atleta do século em campo.
O terreno chegou a ser doado pela Prefeitura à Federação Mato-grossense de Desportos, hoje Federação Mato-grossense de Futebol, em 1950.
Porém, em 1990, uma lei municipal declarou o estádio como “Tombado como Patrimônio Histórico de Cuiabá” e agora pertence à Prefeitura, responsável por sua preservação.