A vereadora Maysa Leão (Republicanos) tomou posse na Câmara de Cuiabá nesta terça-feira (11). Ela ocupa a vaga deixada pelo Tenente-Coronel Marcos Paccola (Republicanos), que foi cassado na semana passada por quebra de decoro parlamentar pelo assassinato do agente socioeducativo Alexandre Miyagawa, de 41 anos, em julho de 2022.
O objetivo de Maysa, que havia passado pelo Legislativo Municipal em 2021, é lutar por minorias ao longo do mandato.
“Isso tem sido o meu mantra, a minha missão de vida. Eu faço parte de algumas ONGs, conheço a fundo a dor das mães de pessoas autistas e pessoas com deficiência que não fazem terapia”, disse.
Paccola tenta reaver o cargo na Justiça, que deu cinco dias para que a Câmara apresente seu posicionamento quanto ao processo de cassação.
“Ele está buscando os meios cabíveis para se defender. Se eu estivesse no lugar dele, faria a mesma coisa. Acredito que a Justiça vai determinar o que for o correto”, afirmou.
Mesmo que o vereador cassado retorne à Câmara, Maysa deve continuar a ocupar uma cadeira, graças à eleição de Diego Guimarães (Republicanos) para a Assembleia Legislativa.
“O que aconteceu foi uma antecipação do meu mandato. Aconteceu a cassação e estou aqui trabalhando. A justiça pode dar uma liminar para o Paccola voltar e eu estou pronta para continuar ou assumir depois”, pontuou.
Vereadora
A vereadora é empresária e influenciadora digital. Recebeu 1.520 nas eleições de 2020. Em 2021, assumiu uma cadeira de Diego Guimarães, durante licença de 61 dias para tratamento de saúde.
Ela é da bancada de oposição ao prefeito Emanuel Pinheiro e esteve na vistoria ao Centro de Distribuição de Medicamentos da capital, quando um grupo de vereadores encontrou medicamentos vencidos.
Assim como Paccola e Guimarães, Maysa concorreu nas eleições municipais de 2020 pelo Cidadania, mas como pretendia se candidatar a uma vaga na Assembleia Legislativa em 2022 e o partido não tinha previsão de lançar chapa, pediu liberação para trocar de partido. Assim, foi para o Republicanos, já que a lei eleitoral permite a troca sem perda de mandato, caso o partido aceite a desfiliação.
Cassado
Paccola teve o mandato de vereador cassado no dia 5 de outubro. Dos 20 vereadores presentes, 13 votaram a favor da cassação, cinco foram contrários e três se abstiveram.
O pedido de cassação foi protocolado pela vereadora Edna Sampaio (PT), que representou por quebra de decoro parlamentar, conduta incompatível da dignidade do cargo de agente político, homicídio doloso qualificado e afastamento imediato do cargo que se impõe.
Paccola entrou na Justiça para reverter a perda do diploma. Alega que a denunciante deu o voto que formou maioria para a cassação e que o prazo para conclusão dos trabalhos tinha acabado, entre outras situações. A Câmara tem cinco dias, a partir da notificação, para se manifestar.
O crime
Paccola responde na Justiça por homicídio qualificado pelo crime que aconteceu no dia 1º de julho.
Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que o carro que era dirigido pela namorada de Miyagawa para no meio da rua e a porta do carona é aberta. Logo depois, o veículo retorna e a motorista caminha em direção à loja de conveniência.
Na sequência, o agente penitenciário se aproxima da namorada, mas ela se esquiva em dois momentos. Minutos depois, a vítima segura um objeto na mão direita e as pessoas se afastam. O casal sai da mesa e caminha em direção ao carro. Paccola aparece na esquina e atira.
O vereador alegou, na época, que foi informado de que Myiagawa estava armado e havia ameaçado a namorada.
O Ministério Público denunciou Paccola por homicídio qualificado. Segundo o parecer, o vereador impossibilitou a defesa da vítima.
Com base nas imagens e em depoimentos de testemunhas, a promotoria entendeu que “em nenhum momento a vítima agrediu ou ofendeu quem quer que lá estivesse e não apontou sua arma de fogo na direção de ninguém, sendo alvejada pelas costas pela ação do denunciado”.
Paccola perdeu também o porte de arma.