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Após 23 anos, cuiabana quebra silêncio e se diz vítima do médico Roger Abdelmassih

 
Ela conta que foi assediada pelo médico após buscar, junto do ex-marido, um tratamento de fertilização. O casal conheceu Abdelmassih em 1987, quando o ex-marido de Waleska precisou de um urologista. Ele foi operado e, na época, Abdelmassih começava a ser reconhecido como especialista em fertilização. O médico pediu para que ele conversasse com Waleska para iniciar um tratamento, que começou em 1991, após o casal se mudar para Campinas (SP). 
 
A segunda, que vinha a ser a última, consulta com Roger aconteceu de forma individual na clínica na capital paulista. “Meu ex-marido foi encaminhado para uma sala, onde ele iria colher o material e eu fiquei no consultório do Roger aguardando. De repente, ele começou a denegrir a imagem do meu ex-marido, dizendo que ele só queria o filho e estaria me usando para isso”, contou a pedagoga. 
 
“Em seguida ele ressaltou que estava ali disposto para ajudar no que pudesse, afirmando que era estéril e que, para não expor a esposa a tratamento, se casou com uma mulher que já tinha três filhos”, contou. Abdelmassih se levantou, foi em sua direção e perguntou se ela preferia um encontro em São Paulo ou Campinas. 
 
“Eu questionei se a clínica de São Paulo não era mais preparada para o trabalho. Aí ele disse que não era para o tratamento, e sim, para um encontro íntimo”. Em seguida, conta, ele disparou dizendo que a paciente estava muito carente. Ela, então, se levantou para sair da sala e Abdelmassih a jogou contra a parede, tentando consumar o abuso, segundo o relato feito ao Diário. 
 
Waleska conseguiu empurrá-lo e, com um chute na virilha, escapou até a porta. “Foi aí que gritei, disse que ia contar tudo para o meu ex-marido. Cheio de si, disse que ele não iria acreditar. Ele ainda me ameaçou, dizendo que se eu contasse, ia dizer que eu estava carente e me declarei para ele”, relatou. 
 
Naquele dia, Waleska diz ter “perdido o chão”. Ela havia engordado mais de 50 quilos devido aos problemas emocionais, que se agravaram depois do episódio. Roger ainda declarou que não temia as denúncias, pois no céu era Deus e ele na Terra. “Ele dizia que era o papa da fertilização e que estávamos na mão dele”, acrescentou. 
 
Após esse episódio ela só pensava em sumir, mas continuou o tratamento na clínica, sendo atendida pelo assistente de Abdelmassih. O médico teria continuado o assédio por meio de bilhetes. Na época ela pensou em denunciar, mas ficou assustada com as ameaças. O tratamento não deu certo. 
 
Em 1993, o ex-marido voltou a pedir a retomada do tratamento, mas ela não aceitou. Foi então que Waleska falou sobre o assedio. Waleska contou ao ex-marido, que não acreditou. O relacionamento, que estava em crise, chegou ao fim. 
 
Waleska nunca escondeu a história das pessoas mais próximas, embora ninguém tenha acreditado. Em 2008, quando o médico foi denunciado e outras vítimas começaram a aparecer, ela ficou de cama. “Foi um choque. O que ele fez com todas nós, a humilhação sofrida, a gente não supera”. 
 
Ela buscou o Ministério Público, e se identificou como vítima. A partir daí, prestou depoimento e começou a participar do grupo de vítimas. “Participei de todo o processo. Para mim, foi como tentar limpar a dor sofrida nos últimos anos, mas ela está no lugar mais íntimo da gente”. 
 
Hoje, de alma lavada, Waleska vai levando a vida ao lado de seu filho, de quatro anos. A adoção aconteceu em 2010, e segundo ela, é o maior presente que poderia ter recebido. “Deus me refez, depois de 9 anos em depressão, voltei a sorrir novamente”. 
 
Roger Abdelmassih é acusado de ter cometido abuso sexual contra 37 mulheres. 
 
Confira depoimento na íntegra: 
 
 
 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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