Antes mesmo que a discussão sobre o projeto que propõe a adesão do Brasil à Organização Europeia de Pesquisa Astronômica no Hemisfério Austral, para utilização do maior telescópio do mundo: o Observatório Europeu do Sul (ESO em inglês), chegue ao Senado, a Associação Matogrossense dos Amigos das Estrelas (Amae), sob a presidência do astrônomo amador, Carlos Wagner Ribeiro, já articula apoio junto à bancada de Mato Grosso para esse fim. Contudo, apenas um senador já se declara favorável ao projeto enquanto outros dois preferem ‘esperar’.
Essa semana, consultados pela assessoria de imprensa da entidade, dos três representantes mato-grossenses no Senado, apenas José Medeiros (PPS) se posicionou abertamente favorável à questão. O senador Blairo Maggi (PR) informou que prefere não se pronunciar ainda sobre o assunto e seu colega de partido, Wellington Fagundes declarou que é preciso ‘avaliar bem os custos’ antes de aprovar algo desse tipo.
Medeiros alega ser favorável porque acredita que o Brasil tem que investir mesmo nesse tipo de pesquisa para ser um país de ponta em Ciência e Tecnologia não importando se o telescópio do Acordo fica localizado no Chile (por ser o local de melhor visibilidade da América do Sul) ou no Brasil. “A entrada do Brasil nesse acordo deve ser feita. Ainda que o país esteja em fase de contingenciamento não pode esquecer áreas como a Ciência e a Tecnologia, que também ajudam o desenvolvimento assim como a educação”, alegou Medeiros.
Em nota enviada via assessoria de imprensa para a Amae, Fagundes disse que, com certeza, um telescópio desta proporção irá fazer com que a ciência se desenvolva com uma eficiência ainda maior. “Porém, temos que avaliar os custos, enfim, utilizar o espaço do diálogo franco que existe no Congresso Nacional para definir o que é melhor para o mundo, sem deixar de pensar no desenvolvimento do nosso país", frisou.
Também via assessoria Maggi informou que prefere se manifestar sobre o assunto assim que o debate chegar, de fato, ao Senado. Mas, de antemão, assegura que é a favor de todo e qualquer incentivo ao desenvolvimento, dado, por meio das conquistas no campo da ciência.
Diante desses posicionamentos Ribeiro disse que vai recomeçar o movimento nacional – que começou com a retirada do projeto da Câmara em fevereiro deste ano, pelo deputado federal de Mato Grosso, Fábio Garcia (PSB). “A intenção é que haja nova sensibilização dos parlamentares a respeito do assunto e que este tenha a celeridade que merece para que o Brasil não fique novamente aquém de projetos científicos importantes como já ocorreram em outros dois momentos recentes com a expulsão do Brasil do projeto da Estação Espacial (ISS) (por não honrar compromissos assumidos) e a demora legislativa que se arrastou por mais de três anos e nos tirou a oportunidade de participar do European Organization for Nuclear Research (CERN)”, salientou.
Pelo Brasil
A busca de apoio da comunidade científica junto aos senadores também segue pelo Brasil. No último dia 10.04, o senador Lasier Martins (PDT/RS), que será o relator do assunto, recebeu comitiva de especialistas em astronomia em seu gabinete. O grupo apresentou informações sobre o tema. Estiveram na reunião os professores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Thaisa Bergmann e Kepler de Souza. Os dois são chefe e coordenador, respectivamente, do Grupo de Pesquisa em Astrofísica do Instituto de Física da UFRGS e do Comitê de Física e Astronomia do CNPQ. Também participaram o presidente da Sociedade Astronômica Brasileira e professor da Universidade de São Paulo (USP), Marcos Diaz, além da pós-doutoranda da UFRGS, Fabiola Campos, representando os jovens astrônomos.
Entidade
A Associação Mato-grossense dos Amigos das Estrelas (Amae) é uma instituição sem fins lucrativos, laica e apartidária, fundada em 2004 que tem como objetivo divulgar, promover e popularizar o conhecimento da ciência astronômica de uma maneira que o público leigo pode compreender este fascinante universo.
Adriana Nascimento – Assessoria Amae
