A ViaMobilidade, concessionária responsável pela Linha 5-Lilás do Metrô, afirma que trabalha para instalar sensores de presença no vão entre a porta e os vagões após a morte de um passageiro nessa terça-feira, 6, na Estação Campo Limpo, zona sul de São Paulo.
Lourivaldo Ferreira da Silva Nepomuceno, de 35 anos, era casado e tinha dois filhos. A Polícia Civil investiga o caso. Procurada sobre as medidas cobradas das concessionárias na rede metroferroviária, a Secretaria de Parcerias e Investimentos, que administra as concessões, e a Secretaria de Transportes Metropolitanos ainda não se manifestaram.
“Esta tecnologia é muito recente e seu uso no mundo ainda é uma exceção, sendo a concessionária uma das pioneiras na adoção deste tipo de solução. Sua instalação envolve uma série de questões técnicas e testes, razão pela qual sua implantação não é imediata. Na linha 5-Lilás, o cronograma prevê concluí-la no primeiro trimestre de 2026, data que pode ser antecipada conforme os resultados dos testes”, afirma a ViaMobilidade.
O presidente da companhia, Francisco Pierrini, disse em entrevista ao Brasil Urgente, da Band TV, que enquanto os sensores não forem instalados, serão implementadas barreiras físicas no interior das portas, com hastes de metal. “Com isso, qualquer objeto, qualquer pessoa, qualquer coisa que esteja ali, será detectado e a porta não fechará”, afirmou.
Sensores de presença
A Linha 5-Lilás não tem sensores de presença entre as portas automáticas das plataformas e os trens, como já existe em plataformas da Linha 3-Vermelha, operada pela Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô).
Atualmente, as portas da Linha 5-Lilás têm sensores apenas para impedir o seu fechamento se houver presença de pessoa ou objeto no espaço de abertura e fechamento das portas, mas não no vão entre a porta da plataforma e a porta do trem, conforme nota emitida pela empresa.
Segundo Luis Kolle, engenheiro do Metrô de São Paulo e presidente da Associação de Engenheiro e Arquitetos de Metrô (AEAMESP), os sensores de presença entre vãos e portas foram tecnologicamente desenvolvidos há pouco tempo.
“Eles têm de ser de alta confiabilidade para não atrapalharem o funcionamento do sistema. Não podem interromper a partida do trem com qualquer detecção. Tem de ser preciso e confiável”, disse o engenheiro ao Estadão.
Kolle afirma que a tecnologia já está sendo implementada na Linha 3-Vermelha, mas não há homogeneidade entre os materiais utilizados pelo Metrô, pela ViaMobilidade e outras empresas operadoras de linhas metroferroviárias no País.
“Diferenças nas portas existem sim. São fornecedores diferentes, contratos diferentes. Mas o funcionamento deveria ser muito similar, com poucas diferenças.”
Ele ressalta que, para aumentar a segurança aos passageiros, além da instalação destes sensores nos vãos, é necessário implementar barreiras físicas para ocupar os espaços entre as plataformas e os trens e, também, criar campanhas “mais enfáticas e severas” dizendo aos passageiros para respeitarem o sinal sonoro e alertando-os sobre os riscos ao tentar burlar a segurança do sistema.
O Metrô diz que “todas as portas de plataforma instaladas pela companhia contam com dispositivos para evitar o fechamento da porta quando há pessoas ou objetos entre as fachadas e o trem. Como medida adicional de segurança, o Metrô tem intensificado as orientações aos passageiros e instalou anteparos nesses equipamentos para evitar que o passageiro se coloque entre a porta de plataforma e a porta do trem.”
Sobre o caso de Lourivaldo Ferreira da Silva Nepomuceno, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) afirmou que foi registrado como “morte suspeita” na Delegacia do Metropolitano (Delpom). Uma perícia foi requisitada e estão sendo realizadas escutas de testemunhas, além de “demais diligências para o total esclarecimento dos fatos”.
“O corpo da vítima já passou pelos exames pertinentes no Instituto Médico-Legal (IML), que liberou a declaração de óbito para os familiares”, afirma a SSP.