Grupos de ativistas se mobilizaram para criticar a abordagem adotada pela campanha publicitária de uma fabricante de suplementos alimentares que anuncia produtos de emagrecimento.
A empresa criou cartazes que exibem uma modelo de biquíni amarelo e questiona se o público está com o corpo pronto para ir à praia. Eles foram interpretados por diversos grupos como inapropriados por promover um padrão corporal difícil de ser alcançado e, segundo alguns, não saudável.
A empresa, Protein World, rebateu afirmando que os críticos da campanha não se focam em "celebrar quem aspira a ser mais saudável, em forma e forte". Disse também que o corpo da modelo tem um índice de massa corporal saudável.
Ativistas começaram a escrever mensagens sobre os cartazes instalados no metrô, dizendo, em linhas gerais, que todos os corpos "estão prontos".
E neste sábado, cerca de 150 pessoas se reuniram no Hyde Park vestindo roupas de praia. No momento do protesto, a temperatura era de 15ºC. Estavam presentes mulheres de todas as idades e até homens – também vestidos de biquíni.
De biquíni cor de rosa, Debby foi protestar pelo fim do "controle sobre os corpos".
"Eu sou uma mulher grande, mas não é por isso que não vou usar biquíni", disse ela à BBC Brasil.
Também no gramado do Hyde Park, outra manifestante, Daisy, conta ter visto a propaganda na estação de metrô ao lado de sua casa. "Aquele não é o único tipo de corpo aceitável", diz. "E ainda por cima não é nada saudável substituir refeições por remédios e vitaminas."
Ao programa Newsbeat, da BBC, a cantora Blythe Pepino, da banda Vaults, diz ter feito inscrições em cartazes da marca de suplementos.
"Não é incomum ver mulheres usando lingerie, mas a sexualização e a transformação em commodity do 'corpo de praia' parece ter virado uma ideia da moda em nossas vidas", disse.
"Isso (a campanha) foi demais para mim e decidir agir", afirmou.
Ela conta que, comentando o assunto com amigos em uma festa, teve a ideia de tirar fotos de pessoas com diferentes tipos físicos com biquínis amarelos – como na foto publicitária – e depois modificar os anúncios com fita colante.
"A ideia virou uma bola de neve com o slogan #eachbodysready (algo como 'todos os corpos estão prontos')", disse ela.
Em abril, uma agência reguladora de propaganda pediu que a companhia mudasse algumas palavras em seu site na internet.
O órgão recebeu mais de 200 críticas do público argumentando que a empresa estaria promovendo uma imagem corporal que não seria saudável.
Uma petição para que os anúncios fossem removidos recebeu mais de 70 mil assinaturas.
Em nota ao programa Newsbeat, da BBC, a empresa Protein World disse: "É uma vergonha que em 2015 ainda haja uma minoria que não está se focando em celebrar quem aspira a ser mais saudável, em forma e mais forte".
"Renee, nossa modelo estonteante, se encaixa no que o governo britânico considera ser um peso saudável baseado no sistema de índice de massa corporal."
Twitter
A polêmica também ganhou as redes sociais. Diversos internautas fizeram críticas ou apoiaram a companhia nos sites sociais, especialmente no Twitter.
Representantes da empresa chegaram a responder a mensagens de internautas e ativistas de maneira considerada polêmica – fato que deu ainda mais margem a discussões.
A Protein World afirmou que "não tem intenção de remover os anúncios por causa de uma minoria fazendo muito barulho".
Fonte: BBC BRASIL