Michel Temer se reuniu com o vice-presidente do EUA, Joe Biden, em Nova York (Foto: Beto Barata / PR)
No último dia de sua primeira viagem aos Estados Unidos como presidente da República, Michel Temer se reuniu nesta quarta-feira (21) com o vice-presidente norte-americano Joe Biden. Foi o primeiro encontro de Temer com um integrante da Casa Branca desde que ele assumiu o comando do Palácio do Planalto por meio do impeachment de Dilma Rousseff.
Temer, que embarcou de volta para o Brasil no final da tarde desta quarta, ainda não teve nenhum contato direto com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. A reunião com o vice foi acompanhada pelo chanceler brasileiro José Serra.
Dono de um estilo extrovertido, Biden mantinha uma relação amistosa com Dilma, a quem visitou mais de uma vez no Planalto no período em que a petista comandou o país.
A reunião entre Temer e Biden ocorreu em meio a uma intensa agenda do peemedebsita na despedida de sua viagem a Nova York. Ele desembarcou no país norte-americano no último domingo (18) para participar da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na qual discursou na terça (20).
No final da manhã, o novo presidente brasileiro se reuniu com empresários e investidores em Nova York para apresentar o programa de concessões do governo federal. Na tentativa de tranquilizar os investidores estrangeiros em relação às turbulências políticas e econômicas que o país enfrentou nos últimos dois anos, Temer disse que o Brasil vive atualmente uma "estabilidade política extraordinária".
Anistia para caixa 2
Mais tarde, em uma entrevista coletiva a jornalistas brasileiros, o peemedebista falou sobre o polêmico projeto de lei que pautado para ser votado na segunda (19) pela Câmara dos Deputados que previa tornar crime a prática do caixa 2, mas abria brecha para anistiar quem havia usado dinheiro não contabilizado em campanhas eleitorais.
Indagado sobre a declaração do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, de que quem usou caixa 2 não pode ser punido, Temer disse que, "pessoalmente", acha que "não é bom" anistiar políticos que cometeram a irregularidade.
Ao falar nos Estados Unidos sobre a entrevista concedida por Geddel ao jornal "O Globo", o presidente da República fez questão de destacar que se tratava de uma opinião "personalíssima" de seu ministro. Na sequência, o peemedebista enfatizou que não vê motivos para a discussão ter continuidade no Legislativo.
"Em primeiro lugar, eu li as declarações do ministro Geddel. Ele disse que era uma opinião personalíssima, que não envolvia nem a opinião do governo. Evidentemente, não envolvia a minha. Eu, pessoalmente, essa é uma decisão do Congresso Nacional, mas eu, pessoalmente, não vejo razão para prosseguir, para prosperar, nessa matéria. Mas eu reitero que essa não é uma questão do Poder Executivo, é uma questão do Poder Legislativo", declarou Temer.
"Pessoalmente, eu acho que não é bom [anistiar os políticos que cometeram caixa 2], não é bom pra ninguém", complementou.
Protesto na ONU
O presidente da República também comentou na entrevista o protesto das delagações de seis países que não quiseram assistir ao discurso dele no plenário da Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira. Questionado sobre o protesto silencioso dos integrantes das delegações de Venezuela, Equador, Cuba, Nicarágua e Costa Rica, ele disse que nem percebeu.
O protesto ocorreu no momento em que o presidente brasileiro subia à tribuna da ONU para discursar na sessão de abertura da Assembleia Geral. Os representantes de Venezuela, Equador e Nicarágua se levantaram e deixaram o plenário. A maioria dos integrantes da delegação da Costa Rica também abandonou a sala quando o novo presidente brasileiro se preparava para discursar.
Nenhum dos chefes de Estado destes países estava presente no plenário. O protesto silencioso foi realizado por diplomatas e ministros.
Os diplomatas da Bolívia e de Cuba haviam se retirado do plenário um pouco antes e se recusaram a entrar enquanto Temer estava discursando. Eles retornaram ao recinto somente após o presidente concluir sua fala.
Na entrevista coletiva, realizada após um almoço no qual Temer e a delegação brasileira apresentaram o programa de parceria e investimentos para empresários norte-americanos, um jornalista quis saber o que o presidente havia achado do protesto desses seis países na ONU.
Temer respondeu: "Confesso que nem percebi a saída. São 193 países. Lamento, as relações não são de pessoas, são institucionais, de Estado para Estado, de um governo para outro".
Na entrevista, Temer também disse que basta alguém ler a Constituição de 1988 para verificar que o governo dele é "legítimo".
"Primeiro eu recomendo que leia a Constituição brasileira. Não basta mais que ler para verificar que o govenro é legítimo", afirmou o presidente.
Pouco antes, no almoço com empresários e investidores, Temer disse que o momento do Brasil é de "estabilidade política extraordinária".
Fonte: G1