Os Estados Unidos efetuaram quase 400 ataques com drones em distritos tribais do Paquistão, ao longo da fronteira afegã, desde 2004, causando entre 2,5 mil e 3,6 mil mortes, segundo dados do Gabinete de Jornalismo Investigativo da Anistia Internacional, com sede em Londres.
O apelo da Anistia foi feito na véspera do encontro entre o presidente norte-americano, Barack Obama, e o primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, na Casa Branca, que deve tratar do assunto.
Washington argumenta que os drones são uma importante e eficaz ferramenta no combate aos rebeldes ligados aos talibãs e à Al Qaeda, que têm seus redutos nas regiões tribais. De acordo com críticos do programa de drones norte-americano, contudo, centenas de civis inocentes morrem nesses ataques.
A AI argumenta que é impossível comprovar os argumentos apresentados pelos Estados Unidos de que os ataques norte-americanos se baseiam em informações fidedignas e que estão em conformidade com a lei internacional, sem que haja mais transparência.
“O secretismo envolvendo o programa de drones dá à administração dos Estados Unidos uma licença para matar que vai além do alcance dos tribunais e de normas básicas da lei internacional”, disse o investigador da Anistia Internacional no Paquistão, Mustafa Qadri.
O relatório da entidade sobre os drones publicado hoje aborda 45 ataques confirmados na zona tribal do Waziristão do Norte, entre janeiro de 2012 e agosto deste ano, entre os quais a organização destaca dois que levantaram sérias preocupações por violarem a lei internacional.
O primeiro ataque, envolveu a morte de Mamana Bibi, mulher de 68 anos, atingida em um ataque duplo enquanto colhia legumes nas plantações da família em outubro do ano passado. No segundo, a Anistia Internacional afirma que 18 trabalhadores foram mortos em uma aldeia na fronteira com o Afeganistão, enquanto faziam uma refeição no final do dia.
A entidade destacou na nota que “é difícil acreditar que um grupo de trabalhadores, ou uma mulher de idade cercada pelos netos, estivessem colocando em risco quem quer que fosse e muito menos que constituíssem uma ameaça iminente para os Estados Unidos”.
Agência Brasil