O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, disse em conversa com ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) que o órgão lançará consulta pública nos próximos dias sobre a chamada modernização tarifária, buscando viabilizar tarifas diferentes ao longo do dia para a livre escolha do consumidor. Um dos efeitos esperados é o estímulo à indústria de linha branca, mais especificamente para os chamados eletrodomésticos inteligentes.
A perspectiva é dar sinal de preço e, com isso, incentivar o consumo para o horário em que há excedente de geração e a tarifa seja menor. E, em contrapartida, acabar desestimulando a demanda no momento de carência de geração, quando a tarifa é mais alta. Em síntese, tendo em mãos as informações de quando a conta de luz estará mais cara ou mais barata, os usuários podem modular o uso de eletrodomésticos e outros itens que consomem muita energia.
As geladeiras ou máquinas na classificação de eletrodomésticos inteligentes, como aquelas conectadas a sensores, poderiam ter uso estimulado a partir da redução do custo da energia elétrica residencial, que já são produtos que consomem muita eletricidade. “Nós procuramos esse segmento [indústria da linha branca] para dizer para eles que nós vamos ter tarifa que vai incentivar esse tipo de consumo”, disse Feitosa.
Está também em discussão a renomeação da “tarifa branca”, opção tarifária para apenas algumas unidades consumidoras, que já possibilita valores diferentes ao longo do dia. “Hoje, nós temos a tarifa branca, com sinal horário. A nossa ideia é rediscutir o nome por entendermos que não é o nome que comunica. Então, isso está em discussão também”, declarou Sandoval Feitosa.
Ainda sobre a expectativa de apresentar tarifas diferentes ao longo do dia, o diretor-geral argumentou que há diferentes efeitos positivos, para além de possibilitar redução de custos para os consumidores. A consequência positiva mais explícita é a garantia de segurança para o sistema, na avaliação dele.
A operação segura do sistema elétrico nacional depende, essencialmente, do fornecimento de energia estável para todos os consumidores brasileiros. A entrada e aumento da participação de fontes de geração intermitentes representam um risco do ponto de vista de segurança para a geração de energia ininterruptamente. O sistema precisa das chamadas fontes firmes. A modernização tarifária poderia ajudar pelo lado do consumo, aliviando a pressão sobre o sistema nos horários de pico e de menor geração.
“Nesse momento, a ONS [Operador Nacional do Sistema Elétrico] está avaliando medidas operacionais para gerir o excedente de geração. Como a gente não vai dar sinal de preço na geração, a gente estará dando sinal de preço no consumo. Quando houver excesso de geração, você incentiva o consumo naquele horário”, disse Sandoval Feitosa.
Outro efeito, segundo ele, é o desenvolvimento de um mercado que hoje não existe, sobre a gestão do consumo para consumidores de baixa tensão, majoritariamente residenciais. A Aneel está testando nove projetos de diferentes tarifas, incluindo a tarifa-horária, tarifa dinâmica, tarifa para mobilidade elétrica, pré-pagamento, em diversas regiões do País. Em comum, essas diferentes modalidades buscam mais dinamismo nos valores tarifários e, em última análise, conta de luz mais barata.



