O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira, 26, que o “andar de cima” foi convidado a fazer o ajuste das contas pagando impostos. Ele discursou na cerimônia de sanção do projeto de lei que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR), realizada no Palácio do Planalto.
“Esse projeto é neutro do ponto de vista fiscal, mas tudo que nós fizemos para ajustar as contas, e que causa certa revolta em algumas pessoas, é que o andar de cima foi convidado a fazer o ajuste, não foi o andar de baixo”, disse Haddad. “Nós assistimos ao longo de anos o gasto tributário e o imposto sobre os pobres aumentarem. Era bolsa empresário para os ricos e congelamento de renda dos pobres. Nós resolvemos dar um basta nisso”, afirmou.
O ministro disse também que era preciso sair do patamar de “déficit crônico” das contas públicas, mas que isso não poderia ser feito “no lombo dos mais pobres”. Ele fez menção a indicadores econômicos, como a melhoria do Índice de Gini, que mede a desigualdade de renda de um país.
O ministro prosseguiu dizendo que 1% da população detém mais da metade da riqueza do Brasil e criticou o fato de o País ter uma desigualdade pior do que 47 países da África. “Nós temos que ter um mínimo de dignidade no tratamento da nossa gente”, completou.
Apoio do Congresso
Haddad registrou o apoio do Congresso Nacional e elogiou os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Acolumbre (União-AP), ambos ausentes no evento. “Sem que eles fossem diligentes seria impossível celebrar este ano e implementar o Imposto de Renda zero a partir de janeiro do ano que vem”, destacou.
Ele disse que, até a véspera da votação, não esperava unanimidade na votação do IR, que foi aprovada sem votos contrários. Apontando para frente, o titular da Fazenda disse que o Brasil “precisa muito” de Motta e Alcolumbre para concluir de forma exitosa este ano.
Por fim, o ministro disse estar “chateado” porque o secretário de Reformas Econômicas da Fazenda, Marcos Pinto, já disse que vai querer sair do ministério, seguindo o caminho do ex-secretário extraordinário da Reforma Tributária, Bernard Appy, que teve sua secretaria extinta no início deste mês.



