Essa mudança de paradigma, já prevista em vários estudos, resulta da diminuição da relação entre a energia armazenada nos reservatórios das hidrelétricas e do consumo de eletricidade.
Enquanto o volume dos reservatórios não cresce porque a legislação ambiental só permite construir usinas de fio d'água [sem reservatório de acumulação], tipo Belo Monte, a evolução do consumo de energia elétrica cresce com o aumento da atividade econômica e da renda familiar.
Assim, o sistema elétrico torna-se mais dependente de fontes complementares. E a fonte complementar mais segura são as UTE, por serem acionadas quando se precisa, diferentemente dos parques eólicos e de bioeletricidade, que são sujeitos à vontade da mãe natureza.
Em 2007-2008, quando o início das chuvas atrasou, foi dado o sinal de que uma mudança no paradigma da geração estava em curso.
O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) adotou nova metodologia, que persegue, desde abril, um determinado nível (meta) dos reservatórios em novembro, para garantir o suprimento no ano seguinte. Como resultado, as UTE passaram a ser acionadas de forma mais intensa ao longo do ano.
O acionamento das UTE durante todo o ano de 2013 indica que o novo paradigma hidrotérmico veio para ficar, o que exigirá um esforço muito grande da política e do planejamento energético, que terá que alterar práticas, ações, métodos e modelos computacionais.
Em especial destaca-se a necessidade de leilões por tipo de fonte e por região, contratadas para serem acionadas por longos períodos durante o ano.
Em suma, o Brasil precisará de um planejamento mais determinativo para ter uma matriz elétrica adequada ao novo paradigma.
Fonte: FOLHA.COM