Cidades

Amizade entre parceiros pode ser a chave

Num tempo em que muitos reclamam da combinado pessoas muito individualistas mais relacionamentos contemporâneos com prazo de validade, parece loucura afirmar que aqueles que ainda creem no casamento são mais felizes do que os solteiros convictos. E quem afirma isso não é alguém no pleno transe da paixão, mas um estudo do prestigiado Escritório Nacional de Pesquisas Econômicas dos Estados Unidos.  

De acordo com o estudo, em um índice de zero a 10, as pessoas casadas demonstraram um nível de felicidade maior do que as solteiras, em todas as faixas etárias. Os participantes da pesquisa já haviam sido entrevistados anos antes, reforçando a teoria de que a felicidade no casamento é um processo contínuo, não uma tendência exclusiva de alguns cônjuges. 

Além disso, os autores concluíram que casais que vivem uma verdadeira relação de parceria, cumplicidade e amizade têm o dobro de satisfação em comparação aos demais. Será esse o grande segredo para um amor à moda antiga, em que a relação é capaz de sobreviver ao desgaste dos anos? Não exatamente. Apesar de não existir uma fórmula mágica, o estudo indica que relações duradouras e felizes costumam ter parceiros que poderiam ser grandes amigos.  

“A parceria e o ‘se dar bem’ trazem prazer, alegria e outros sentimentos bons ao dia a dia do casal. Existem pessoas que vivem juntas e se gostam, mas não se dão bem. Viver assim, com amor e tumulto ao mesmo tempo, é uma perturbação. E é a parceria que fica com o passar dos anos, já que a paixão vai se esvaindo. Se não existe amizade, não tem amor que dure. Do contrário, ocorre o desgaste, gerando indiferença entre os amantes”, explica o psicólogo Aurélio de Melo, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. 

Isso não quer dizer que todos os casais que cultivam essa relação de amizade são plenamente satisfeitos, o tempo todo. Diferenças, desavenças e brigas sempre vão existir, até mesmo nas melhores famílias. A grande questão é como os cônjuges lidam com esses atritos e trabalham a liberdade e o respeito mútuo dentro do casamento. 

“Muitas vezes, ser amigo nada mais é do que ser cúmplice. Isso gera muito mais espaço para ser feliz. Significa que, dentro daquela relação, inexiste julgamento, rejeição ou a necessidade de mudar o outro. Você é aceito da maneira como você é”, acredita Márcia Dolores, psicóloga e diretora do Instituto de Thalentos. Para a especialista, essa aceitação fundamenta uma relação mais serena e mais sólida. 

CUMPLICIDADE COM INDIVIDUALIDADE 

Somado a cumplicidade, o tesão também merece um papel de destaque no que diz respeito às relações duradouras, na visão da psicanalista e escritora Luciana Saddi. O equilíbrio entre parceria e desejo torna o casamento ainda mais satisfatório, porque impacta duas áreas muito relevantes para os cônjuges: o amor e a vida sexual. 

“A felicidade no casamento depende tanto da amizade quanto do tesão, caminhando juntos. Além disso, as pessoas precisam ter muita afinidade e pontos em comum, para conseguir se suportar e se tolerar por muitos anos, sem perder o interesse”, pondera Luciana. 

No entanto, a psicanalista ressalta que ter pontos em comum não pode significar perda da individualidade dessas duas pessoas, sob pena delas se tornarem desinteressantes para os seus parceiros.  

 “É importante que elas mantenham uma área que seja só delas, sem a interferência e a companhia do outro, respeitando a individualidade. Isso de ter gostos e interesses pessoais é legal, porque com o tempo você pode viver uma troca de experiências enriquecedora com o parceiro”, pondera Luciana. 

É IMPOSSÍVEL SER FELIZ SOZINHO?

O clássico verso de Tom Jobim não é uma verdade absoluta no universo das relações humanas – os solteiros não precisam desanimar. Naturalmente, as pessoas casadas são mais felizes porque encontram no outro a possibilidade de compartilhar e cultivar metas, sonhos e objetivos de vida.

Para Aurélio de Melo, as pessoas também estão moldadas a um ideal de incompletude, ou seja: é muito mais difícil ser solteiro numa sociedade em que o casamento é visto como obrigação social. 

“A sensação de estar com outra pessoa para se sentir melhor ainda é recorrente. As que preferem viver sozinhas, portanto, são uma minoria. E normalmente, elas escolhem estar sozinhas depois de passar por essa experiência do casamento. Não necessariamente por frustração, mas por amadurecimento. Elas entendem que não precisam de outras pessoas para enlouquecer, podem enlouquecer sozinhas”, ironiza Melo. 

Compreender e superar o estigma da solidão influencia positivamente a relação. Quando deixamos de depositar nossas expectativas de felicidade nos outros, as frustrações, decepções e cobranças são muito menores. Isso não significa que é preciso enxergar a vida de um jeito indiferente e individual, muito pelo contrário. Trata-se apenas de viver relações mais serenas e leves, capazes de suportar a ampulheta dos anos.

Fonte: iG

Redação

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