Morador de rua conhecido como Presidente é velado na Câmara (Foto: Henrique Coelho/G1)
A morte do morador de rua Sérgio Luis Santos das Dores, de 63 anos, causou comoção nos frequentadores da Cinelândia, no Centro do Rio, e manifestantes que estiveram com Sérgio nos protestos de 2013. O velório do homem conhecido na Cinelândia como "Presidente" foi realizado na manhã desta quarta-feira (16) na Câmara de Vereadores, local que foi alvo de tantas manifestações das quais o ele participou.
Segundo amigos e companheiros de ativismo, Sergio era conhecido por sua espontaneidade e pelo ativismo. O cortejo saiu da câmara por volta das 13h30 em direção ao Cemitério do Catumbi, e interditou a Avenida Mem de Sá por volta das 14h30.
"Ele perdeu a mãe e se separou da mulher, e isso foi uma hecatombe para ele. Mesmo assim, em todos os atos, manifestações e passeatas, ele agiu sempre como um cidadão consciente de seus direitos de lutar", disse Ricardo Félix, de 60 anos, que foi morador de rua e conheceu Sérgio em 2011.
" A morte dele retrata o que está havendo com a saúde pública no país. Quando nem o trabalho de higiene da ferida que ele tinha na perna, isso mostra o descaso, na saúde e nas relações humanas. Ele era uma figura emblemática do Centro da cidade ", disse o juiz João Batista Damasceno, presidente da associação Juízes Para a Democracia.
Segundo o vereador Babá (PSOL), que foi um dos que intercedeu junto à Câmara para que o velório fosse realizado no local, é a primeira vez que uma pessoa em situação de rua é velada na Câmara Municipal.
"Nós fizemos um requerimento para que fosse ontem, e por causa de outro evento viemos para hoje. Aqui no Rio com certeza é a primeira vez que isso ocorre ", explicou o vereador. A bancada do PSOL, formada por Renato Cinco, Babá, além do vereador Reimont (PT). "É o presidente mais amado da história desse país", disparou Babá.
Problemas de saúde
"Presidente", como era conhecido, sofria de Mal de Parkinson e vivia desde 2005 nas ruas próximas à Cinelândia. Após passar por graves problemas no pulmão, Sérgio esteve internado durante quatro dias na Unidade de Pronto Atendimento do Hospital Souza Aguiar, no Centro do Rio. Na unidade de saúde, Sérgio teve tremores, delírios e um derrame pleural no pulmão, além de septicemia.
"O corpo só foi liberado na terça feira, porque o documento dele foi perdido. É como ele é morador de rua, e não tem família, tivemos que chamar a curadora dele para vir ao Plantão Judiciário e transferi-lo para um hospital particular", disse Sandra Batista, que o conheceu em 2013.
Fonte: G1