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Ameaças só motivam investigação de grampos em Mato Grosso, diz Perri

O desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), ao votar contra o arquivamento da notícia-crime que investiga a existência de suposta central de interceptações telefônicas ilegais operadas por policiais militares, se disse motivado a continuar a frente das investigações, mesmo com as ameaças veladas recebidas, para que não a fizesse.

Relator do processo de investigação a supostos casos de grampos telefônicos a políticos, empresários, jornalistas e advogados no Palácio Paiaguás desde 2014, Perri recentemente foi apontado como o responsável por incumbir o secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), coronel Siqueira Junior, de fazer interceptações telefônicas ilegais em magistrados.

Segundo o desembargador, tais notícias teriam chegado a ele tempos antes de ser divulgado na imprensa, como forma de ameaça para tentar impedi-lo de trabalhar no caso dos grampos.

“Estão tentando criar factoides. Porém, e o mais estarrecedor, não era novidade para mim [a denúncia do coronel Siqueira]. Eu já tinha recebido ameaças veladas para não emprestar a seriedade necessária às investigações [dos grampos clandestinos], pois do contrario eles iriam falar um fato que eu teria feito interceptações na ocasião de minha passagem pela Corregedoria-Geral da Justiça”, relatou.

Contudo, o magistrado garantiu que essas insinuações o deixou mais motivado para prosseguir as investigações do processo, que segue com uma investigação interna realizada no Ministério Público Estadual.

“Não me intimidei, não me acovardei e não o farei. Jamais tive um processo que me trouxesse tantas angústias, tantas pressões, até mesmo ameaças. Mas, isso não me demoverá do propósito de investigar a fundo essa questão dos grampos no estado de Mato Grosso. Não sou filho de pai assustado! Ameaças me incentivam cada vez mais a aprofundar as investigações, cumprirei o meu dever de magistrado”, assegurou Perri ao dar o voto de impedimento ao arquivamento do processo julgado pelo Plenário, que acompanhou em unanimidade relator.

Entenda o caso

No início de julho, surgiu uma declaração do coronel Airton Siqueira Junior que foi registrada em cartório no dia 29 de junho e anexada ao inquérito policial militar (I.P.M.). O secretário da Sejudh narra que o desembargador Orlando Perri teria autorizado a grampear telefones de magistrados em suposta investigação a esquema de desvio de recursos do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), em meados de 2007.

Neste período o coronel atuava na Coordenadoria de TI do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) e o Perri era o corregedor-geral da Justiça.

O objetivo era investigar desembargadores e juízes apontados como suspeitos de desvio dinheiro do TJ-MT para os cofres da Loja Maçônica Grande Oriente de Mato Grosso, o caso ficou conhecido como esquema da maçonaria.

Os alvos apontados pelo então corregedor seriam o desembargador aposentado José Ferreira Leite e os juízes Marcelo Barros, Antônio Horácio, Irênio Lima Fernandes e Marco Aurélio Ferreira que estariam angariando dinheiro para a Loja Maçônica Grande Oriente de Mato Grosso.

Perri nega as autorizações.

 

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Redação

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